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Vaivém

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Área recua, mas soja convencional sobrevive

A área de plantio de soja convencional diminui ano a ano. Vai acabar? A controvérsia sobre o assunto é grande e foi tema de acalorado debate no congresso de soja desta semana da Embrapa Soja e da Aprosoja (associação de produtores), realizado em Cuiabá (MT).

Vendas casadas de sementes e químicos, preferência das grandes empresas pela produção de variedades geneticamente modificadas, redução de oferta de cultivares convencionais no mercado e queda nos investimentos em novas variedades convencionais estão entre as principais causas do rápido avanço da soja transgênica.

Ao abordar esse mercado, José Américo Pierre Rodrigues, superintendente-executivo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), já o considera como um "nicho" de mercado. Na avaliação dele, a participação da soja convencional se reduziu a 15% do mercado e deve recuar para 10%, mas não vai acabar. "Para nós, tudo é semente."

Diante de tanta inovação chegando ao mercado, Ivan Paghi, diretor técnico da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), disse que já era visto como um dinossauro ao falar sobre a soja convencional.

A entidade reúne produtores, tradings e sementeiras que se dedicam à produção de soja convencional. Paghi deixou claro que não é contra a inovação tecnológica, mas o produtor deve ter liberdade de escolha. "O transgênico deve ser usado como instrumento de manejo -não como salvação da pátria."

Glauber Silveira, da Aprosoja Brasil, concorda e diz que, realmente, o produtor deve ter o direito de escolha e, ao fazer contas, vai escolher o que for mais rentável.

Paghi discorda dos números de Pierre Rodrigues e diz que a participação da soja convencional ainda é de 26% na área plantada.

Segundo ele, é importante a manutenção desse plantio porque, além de dar renda diferenciada ao produtor, é uma opção de rotação de cultura. "Essa rotação melhora a utilização do solo e evita a formação de ervas invasoras resistentes a produtos químicos, o que já vem ocorrendo."

Produtores presentes ao congresso afirmaram, no entanto, que a remuneração para a soja livre ainda depende de vários fatores. Neste ano, chegou a ter valorização de R$ 4 por saca em algumas regiões em relação à transgênica. Em algumas regiões, no entanto, não teve ganho, principalmente devido à dificuldade de segregação.

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Fertilizantes Aliada às condições propícias de plantio, a boa relação de troca no campo estimulou a demanda por fertilizantes nos EUA e na Europa. Isso gerou forte suporte para os preços do fósforo e da ureia.

EUA O maior aumento ocorreu na ureia granulada, bastante utilizada nos EUA. É o que aponta relatório do Rabobanhk.

Desconfiança Problemas macroeconômicos e elevação na produção de milho nos EUA geram dúvidas sobre a direção dos preços das commodities agrícolas, trazendo incertezas para o mercado de fertilizantes.

Perspectivas Se a tendência é de recuo para a ureia granulada nos EUA, a América do Sul e a Índia dão suporte ao produto perolado.

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Embargo russo segura as exportações de carne suína

O embargo russo à carne suína brasileira já dura um ano e o resultado é muito ruim para os principais Estados produtores, diz Pedro de Camargo Neto, da Abipecs (associação do setor).

Camargo atribui parte desse imbróglio às pendências burocráticas do Ministério da Agricultura a questionamentos feitos pelos russos. "Pelo que fomos informados, os últimos relatórios de inspeção em estabelecimentos de abate foram entregues há cerca de 15 dias."

Camargo destaca ainda a falta de um acordo Brasil-Rússia de equivalência de normas sanitárias.

Sobre o avanço das vendas em maio com os quatro frigoríficos habilitados, Camargo diz que existe um número maior de unidades com igual condição técnica que precisam do reconhecimento. Cumpre ao Mapa garantir a igualdade, diz ele.

Com KARLA DOMIGUES

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