Empresa com baixo valor de mercado se destaca na Bolsa

Papéis de empresas menores têm mostrado bom desempenho num ano de baixa da Bolsa de Valores.

O índice da Bovespa para ações de "small caps" -companhias de baixa capitalização- acumula alta de 8,7%, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa, tem recuo de 2,3%.

A rentabilidade dos fundos baseados nessas ações também subiu. A alta foi de 5,5% no ano até o dia 19, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

"Small caps" são empresas que têm baixo valor de mercado, em geral de até cerca de R$ 5 bilhões, embora não exista uma linha de corte única para defini-las.

Segundo analistas, as ações que têm maior peso no índice são de empresas voltadas para o mercado interno -elas também são as mais presentes nos fundos.

Essa característica, ao lado da crise internacional, favoreceu um desempenho positivo dos papéis.

"Essas empresas acabaram tendo um resultado melhor no início do ano, pois havia uma perspectiva de que a economia brasileira ainda teria um crescimento bom em relação aos mercados internacionais", afirma o profes-

sor de Finanças do Insper Michael Viriato Araújo.

COMMODITIES

"O índice tem poucas ações ligadas a commodities, o que ajuda o desempenho positivo em relação ao Ibovespa, que é forte em empresas ligadas a matérias-primas. A queda da Bolsa não só neste ano como em 2011 foi muito puxada por esse setor", afirma André Vainer, diretor da XP gestão de recursos.

Para o gerente-executivo de fundos de ações do BB DTVM, Jorge Ricca, os investidores acabaram direcionando seus recursos para investimentos que ofereciam alguma proteção contra a crise, como empresas com fluxo de caixa estável, maduras e com baixa competição, além daquelas voltadas para o mercado interno.

"As 'small caps' capturaram bem essa parcela de proteção", afirma.

CUIDADOS

Os especialistas dizem, no entanto, que são necessários alguns cuidados para investir em "small caps".

Apesar de poder ter um preço mais baixo, as ações costumam ser mais instáveis que as de grandes empresas.

Além disso, geralmente são papéis menos negociados e a liquidez -facilidade para vender ações- é menor.

"Uma coisa é investir em uma ação a qual você pode vender a qualquer hora. Outra é investir numa que você sabe que não necessariamente pode vender quando quiser", diz Vainer.

O perfil mais adequado é o de um investidor com perfil mais qualificado, que possa acompanhar e estudar a empresa e que possa lidar com uma instabilidade maior, dizem os analistas.

Para Araújo, se a pessoa não dedica tempo, é melhor investir em fundo de "small caps" ou direto no índice.

E a visão de longo prazo também é importante: "Se o fundo de ação já é para médio e longo prazo, o de 'small caps' é mais ainda, porque você investe em empresas que tendem a ter crescimento mais para a frente", afirma Ricca.