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O Brasil que mais cresce

Carros dinamizam o 'ABC fluminense'

Na região centro-sul do Estado, Resende e Porto Real veem riqueza quadruplicar com instalação de montadoras

Indústrias trazem empregos e receita, mas aumentam problemas como imóveis mais caros e trânsito pior

VENCESLAU BORLINA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A RESENDE E PORTO REAL (RJ)

Depois do ciclo do café e da chegada da indústria química, Resende e Porto Real, na região centro-sul do Estado do Rio, experimentam agora uma nova fase de desenvolvimento focada na indústria automotiva.

A instalação das fábricas da MAN Caminhões (antiga Volkswagen) em 1996 e da PSA (aliança mundial entre Peugeot e Citroën) em 2001 trouxe crescimento e riqueza e atraiu mais empresas.

De 2000 a 2009, o PIB (Produto Interno Bruto) somado dos municípios cresceu 334,8%, de R$ 1,95 bilhão para R$ 8,5 bilhões ao ano, com aumento mais expressivo entre 2006 e 2009: 73,2%.

O PIB dos municípios corresponde a cerca de 2,5% do estadual, que é inflacionado devido aos recursos da exploração do petróleo e de companhias como a Petrobras, a maior empresa no Brasil.

Só a arrecadação de Porto Real deve alcançar neste ano R$ 220 milhões, 968% a mais do que o registrado em 2000. Em Resende, a estimativa é fechar o ano com R$ 340 milhões, um aumento de 167,5% em relação a 2000.

No período, a população das cidades também cresceu. Resende tinha 104,5 mil habitantes em 2000. Agora, são 120 mil -aumento de 14,8%. Já Porto Real, que foi emancipada de Resende em 1996, elevou sua população em 37,2%.

E mais gente deve chegar com os investimentos programados até 2014. Segundo a Firjan (federação das indústrias do Estado do Rio), serão R$ 5 bilhões em novas fábricas e ampliações das atuais.

O empreendimento mais esperado é o da primeira fábrica da Nissan no Brasil. A montadora japonesa estima investir R$ 2,6 bilhões na unidade em Resende e empregar até 4.000 pessoas direta e indiretamente em 2014.

Com isso, o governo espera atrair ao menos 30 novos fornecedores. Não à toa, a região centro-sul fluminense tem sido apelidada pelos locais de "ABC do Rio", em referência ao ABC paulista.

DESAFIOS

Ao novo momento impõem-se desafios ligados à falta de mão de obra qualificada, a valorização imobiliária e problemas comuns à urbanização das cidades, como trânsito e transportes.

A população de Resende e Porto Real reclama. Antes, comprar um terreno de 300 metros quadrados custava, em média, R$ 10 mil. Hoje, eles não custam menos de

R$ 60 mil em bairro distante do centro das cidades.

Comparados aos de grandes centros como São Paulo e Rio, os valores são atrativos. Mas, como o processo inflacionário é comum a todas as cidades brasileiras em desenvolvimento, adquirir imóvel também ficará mais caro.

Ao mesmo tempo, os governos locais tentam restringir o crescimento imobiliário para evitar a desordem urbana -uma equação difícil de ser resolvida. Por isso, a Prefeitura de Resende criou um conselho para tratar de desafios ligados ao crescimento.

"Buscamos soluções em conjunto", disse o prefeito José Rechuan (PP).

Em Porto Real, as áreas de pasto têm dado espaço para novos loteamentos, mas o prefeito Jorge Serfiótis (DEM) afirmou ter tomado medidas para frear a pressão.

A prefeitura isentou de

IPTU as construções em terrenos de até 80 metros quadrados e, para quem trabalha em outra cidade e ganha até dois salários mínimos, liberou as catracas dos ônibus e deu vale-transporte.

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folha.com/no1131435

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