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O Brasil que mais cresce

Gargalo do ensino técnico faz operário ir até ao exterior

Salário médio para iniciantes chega a R$ 2.100, mas falta trabalhador qualificado para ocupar funções especializadas

Depois de estudar, ex-funileiro vira chefe, troca de emprego, associa-se a empresa e hoje fornece a ex-patrão

DO ENVIADO A RESENDE E PORTO REAL

Para chegar a técnico em segurança do trabalho da MAN Caminhões, em Resende, e conquistar a qualidade de vida que tem hoje, Ivan do Carmo Ramos, 39, teve que correr e superar limites até então nunca imaginados.

Antigo morador de Barra Mansa, ele viajava todo dia a Resende para trabalhar como montador na fábrica e, à noite, seguia para Volta Redonda, onde buscava conhecimento para se qualificar.

Marceneiro autônomo e sem perspectivas, Ramos só foi contratado em 2001 com o compromisso de que concluiria o segundo grau. Após terminar os estudos, fez o curso técnico e, em 2004, conseguiu a vaga desejada.

"Hoje moro em Resende, tenho meu carro e já penso em sair do aluguel e adquirir a casa própria. Só estou esperando a oportunidade. Consegui muitas coisas com o meu esforço e o meu trabalho na empresa", disse.

Assim como Ramos, centenas de trabalhadores precisam correr para se qualificar e buscar emprego na indústria automotiva do centro-sul fluminense. Mesmo assim, falta mão de obra qualificada -engenheiros, mecânicos, administradores.

O poder público reconhece o problema. "Faltam unidades de ensino técnico", disse o prefeito de Resende, José Rechuan. Ele negocia a vinda de uma escola técnica federal para a cidade, mas ainda sem prazo.

Enquanto isso, até para a Argentina são enviados funcionários que precisam de especialização. Foi o caso de Marcelo Chagas do Nascimento, 31, morador de Porto Real e desde os 18 anos na fábrica da PSA. A empresa o mandou a uma escola argentina para que ele se especializasse como funileiro.

"Depois de um ano de volta no Brasil, tornei-me líder do setor de funilaria e consegui garantir espaço na empresa. Meu salário aumentou e minha vida melhorou."

Mas Nascimento queria mais. Continuou estudando e foi convidado por outra empresa. O salário melhor fez com que ele deixasse a PSA, e hoje ele é sócio numa empresa que presta serviços à gigante do setor automotivo.

Para quem corre atrás dos estudos, o salário médio mensal de um trabalhador iniciante na indústria de Porto Real pode chegar a R$ 2.100. É o quinto maior salário oferecido no Estado do Rio e o 20º na região Sudeste.

Em Resende, a remuneração média é de R$ 1.500, segundo levantamento feito da Firjan. É a décima maior remuneração no Estado e a 92ª no Sudeste.

(VENCESLAU BORLINA FILHO)

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