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Análise

Pesquisas de emprego são diferentes e incomparáveis

SÉRGIO VALE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Divulgados no mesmo dia, os dados de mercado de trabalho do Caged (do Ministério do Trabalho) e do IBGE deram sinalizações aparentemente diferentes da economia. Pelo Caged, o nível de ocupação ainda está fraco e a soma acumulada em 12 meses já está no mesmo nível de dezembro de 2009, apenas lembrando que este último foi ano recessivo.

Ao mesmo tempo, o IBGE soltou a menor taxa de desemprego desde 2002 para o mês de agosto e, em algumas regiões metropolitanas, foi a menor da história. Em quem acreditar?

São leituras de fato diferentes e incomparáveis. O IBGE capta apenas seis regiões metropolitanas e deixa de indicar um movimento maior na indústria, que é visto no outro dado, o do Caged. Este, por sua vez, analisa os dados do país inteiro, apesar de só considerar o emprego formal.

Por isso, os dados do Ministério do Trabalho pareceriam ser mais condizentes com o comportamento da economia neste momento, ao captar o ritmo de mercado de trabalho no país inteiro.

A economia começa apenas agora a dar sinais de maior crescimento, nada exuberante ainda, é verdade, mas podemos dizer que o segundo semestre deverá ser bem melhor do que o anterior. Diante disso, os dados do Caged devem seguir fracos, mas com tendência de melhorar até o final do ano.

Outro problema que distorce os dados do IBGE é que a PEA (População Economicamente Ativa) tem crescido cada vez menos, o que joga os dados de desemprego para baixo. Boa parte desse problema se deve ao crescimento menor da PIA (População em Idade Ativa).

Em 2004, a PIA crescia a taxa de 1,9%. Agora está em 1,3% e vem caindo. Isso acontece porque a população entre 18 e 24 anos está diminuindo, fruto da própria queda da taxa de natalidade que o país teve nas últimas décadas.

Mas se comparamos os dados de ocupação do IBGE com os de admissões do Caged, vemos que as diferenças de leitura diminuem bastante e os resultados não são nada favoráveis.

O IBGE aponta crescimento da ocupação de 1,8% no acumulado em 12 meses até agosto, enquanto o Caged sinaliza expansão de 1,2% no mesmo período e os dois mostram quedas consecutivas nas taxas desde 2011.

Essa diferença entre os indicadores ainda deve permanecer, mas parte dela deverá ser resolvida quando o instituto começar a divulgar a nova taxa de desemprego nacional, que contará com uma espécie de PNAD trimestral que abarcará todo o país. Aí sim, ao menos os dados de ocupação deverão ficar mais próximos da leitura do Caged.

SERGIO VALE é economista-chefe da MB Associados

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