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Governo pressiona Furnas a investir para evitar apagão

Reunião de emergência foi marcada para ontem, para avaliar causas da queda de energia e como evitá-las

Para Aneel, multas não estão sendo suficientes para obter melhora na manutenção; Dilma critica o termo "apaguinho"

VALDO CRUZ
JÚLIA BORBA
DE BRASÍLIA

Preocupado com o serviço de manutenção em Furnas, origem dos problemas que provocaram o apagão de quarta, o governo marcou reunião de emergência para avaliar o sistema elétrico.

A Folha apurou que, na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o serviço de manutenção em Furnas é visto como "deficitário".

Para o comando da agência, a simples aplicação de multas não está sendo suficiente para pressionar a empresa a aumentar o controle sobre os equipamentos.

O Planalto quer também unificar a linguagem do governo e evitar o uso da palavra "apagão" para designar as interrupções de energia.

Assessores presidenciais lembravam ontem que não há falta de energia no Brasil, como ocorreu no racionamento feito no governo FHC, mas problemas técnicos que interrompem a transmissão.

Nessa linha, a presidente Dilma ficou irritada com as declarações do presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp, que pediu a jornalistas para classificarem os últimos cortes de energia de "apaguinho".

O governo teme que a repetição de cortes de energia seja usada politicamente pela oposição, principalmente neste período de eleição.

Ex-ministra de Minas e Energia, Dilma atacou os tucanos durante a campanha presidencial dizendo que reestruturou o setor elétrico para evitar a volta do apagão.

FURNAS NA BERLINDA

Durante a reunião de ontem, Dilma cobrou de Furnas, responsável por 40% das linhas de transmissão de energia no país, acelerar seus investimentos na manutenção e na troca de equipamentos e melhorar a sua gestão.

Avaliação técnica feita no encontro indicou que a empresa tem alguns equipamentos antigos que precisam ser trocados com rapidez.

O governo teme, porém, que o processo de ajustes na estatal para reduzir custos, visto como necessário, afete o bom funcionamento da empresa de geração de energia.

Há uma preocupação de que funcionários insatisfeitos possam trabalhar contra a estatal.

Recentemente, Furnas anunciou que, para se adaptar à nova realidade de tarifas mais baixas, reduzirá seu quadro de pessoal em 35% até 2018. Os ajustes devem levar a uma diminuição de 22% nos gastos de custeio.

O presidente da empresa, Flávio Decat, estava entre os assessores convocados para a reunião de ontem à tarde no Palácio do Planalto. Ele não deu entrevista após o encontro e não foi localizado para comentar as críticas.

Além dele, participaram da reunião com a presidente o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, e Chipp (ONS).

No encontro, Dilma foi informada ainda sobre a causa dos últimos cortes de energia e sobre a criação de uma força-tarefa que irá fazer um diagnóstico sobre o setor e propor medidas no curto prazo para evitar apagões.

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