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Alimento puxa alta, e setembro tem maior inflação em 9 anos

Preços sobem 0,57% no mês passado, com impacto dos aumentos de commodities como soja, trigo e milho

Para economista, reaquecimento do consumo explica aumento de itens como serviços e vestuário

PEDRO SOARES
DO RIO

Num cenário de juros em níveis historicamente baixos e de retomada da economia neste segundo semestre, a inflação voltou a preocupar com um choque dos preços dos alimentos e a persistência da alta de serviços.

O sinal de alerta veio do IPCA, índice oficial do país, do mês passado: a taxa de 0,57% foi a maior para o mês desde 2003.

Desde junho, a inflação está em aceleração, mas a tendência se intensificou em setembro, quando especialistas creem que os alimentos chegaram em seu "pico" de alta.

A subida decorreu do repasse do aumento das cotações internacionais de importantes produtos como soja, milho, trigo e arroz, que sobem por problemas climáticos no Brasil e no exterior.

Esses produtos são matérias-primas de vários itens e insumo de rações amimais -o que impulsionou preços de carnes e aves. Em setembro, a alta dos alimentos (1,26%) foi a mais intensa para o mês desde 2002.

Com o estímulo de juros declinantes desde agosto de 2011 (que turbinam a economia com mais força a partir de agora) e novas pressões de alimentos nos próximos meses, analistas dizem que a inflação mensal deve ficar na faixa de 0,50% até dezembro, patamar tido como elevado.

Mantido esse ritmo, a expectativa é de uma inflação neste ano de 5,5%, superior ao centro da meta do governo (4,5%, com teto de 6,5%).

"O receio é iniciar 2013 com a inflação em alta, o que pode obrigar o BC dar um 'freio de arrumação' e retomar a subida dos juros", diz Emerson Marçal, economista da FGV.

Para a reunião do BC na semana que vem, ganha força no mercado a aposta de queda de 0,25 ponto na Selic, mas outra parcela ainda crê que a taxa vai permanecer em 7,5%.

Ainda que mais da metade da inflação de setembro tenha como origem em alimentos, diz, os reajustes estão disseminados em muitos itens, como serviços e vestuário.

Esse comportamento, afirma Marçal, sinaliza que o consumo se reanima e já puxa a inflação para cima.

Para Thiago Curado, economista da Tendências Consultoria, o mercado de trabalho aquecido (baixo desemprego e renda em expansão) é "um combustível adicional" para aumentos.

Segundo analistas, o crescimento mais intenso da economia em 2013 (previsão de 3,5%, ante de 1,5% neste ano) elevaria o IPCA. Mas a redução da tarifa de energia anunciada pelo governo vai compensar essa alta, e o índice deve ficar no mesmo patamar deste ano (5,5%).

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