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Análise

Números da indústria de base são termômetro da nova política

ALEXANDRE CHAIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos meses o governo federal vem alterando suas apostas para incrementar o desenvolvimento do país nos próximos anos, passando cada vez mais a acreditar na elevação dos investimentos públicos e privados como o catalisador do crescimento.

Essa mudança decorreu do esgotamento do modelo de expansão baseada em consumo do governo Lula.

De acordo com o próprio governo, para manter o crescimento em 4,50% ao ano de forma sustentada, é preciso uma taxa de investimentos de 22,00% do PIB; atualmente essa taxa ronda os 18,50%.

Dentro dessa aposta o governo trabalha com duas grandes vertentes: 1) a redução do custo Brasil através da redução das taxas de juros básicas e diminuição da carga tributária sobre os investimentos diretos; e 2) incentivos para o desenvolvimento de algumas indústrias estratégicas para o crescimento.

Em relação a esse último item, o plano estratégico desenvolvido pelo governo federal parece indicar dois grandes grupos de indústria que serão beneficiadas.

As indústrias associadas à criação da infraestrutura (construção, portos, aeroportos, ferrovias, indústria naval etc.) e as de base (que produzem insumos para as demais, como mineração, siderurgia, metalúrgica, cimento).

Analisando-se os números de crescimento da indústria de base nos últimos 11 anos, pode-se perceber que foram alternados anos de crescimento e redução do investimento, apesar do mundo ter vivido no início do século um período de crescimento estável de quase seis anos.

Muito da instabilidade vivida pela indústria em geral, e em especial por esse setor que fornece insumo para as demais, foi reflexo da falta de uma política clara de desenvolvimento industrial.

O governo agiu aplicando políticas de incentivos de curto prazo voltados a solucionar um problema momentâneo, em vez de um plano de longo prazo para que o Brasil apresentasse um crescimento industrial sustentável.

Aparentemente o novo governo percebeu esses vícios das administrações anteriores e está tentando retomar um planejamento mais coerente que levará o país a seu crescimento potencial, o que fará o setor industrial crescer de forma contínua.

Na próxima semana o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estará divulgando os números da indústria de base que deverão permitir avaliar a eficiência da nova política industrial.

Alexandre Chaia é professor de finanças do Insper e diretor da Artesanal Investimentos

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