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MP permite uso do Fundo Soberano para a capitalização da Petrobras
Manobra prevê repasse de recursos do fundo para que o BNDES participe da operação
Em nota, a Fazenda
disse que a medida se
justifica para viabilizar
iminentes aumentos
de capital de estatais
VALDO CRUZ
SIMONE IGLESIAS
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
Um dia antes da reunião
que decidirá os detalhes da
capitalização da Petrobras, o
governo editou medida provisória permitindo o uso do
Fundo Soberano (reserva de
recursos públicos para investimentos) na operação que
elevará o capital da estatal.
A manobra permite o repasse de recursos do fundo,
hoje na casa dos R$ 15 bilhões, para que o BNDES participe da operação, além de
autorizar o Tesouro a antecipar dinheiro para futuros aumentos de capital.
O Ministério da Fazenda limitou-se a divulgar nota em
que admite que a medida se
"justifica para propiciar condições para a execução de
operações de iminentes aumentos de capital de empresas estatais".
Hoje, durante reunião do
CNPE (Conselho Nacional de
Política Energética), o presidente Lula deve decidir a data exata da capitalização da
estatal -prevista para o próximo dia 30. Será fixado ainda o preço do barril de petróleo que a União usará na operação.
Após a reunião do CNPE, o
Conselho de Administração
da Petrobras se reúne para
aprovar a operação.
A área técnica chegou a
discutir um valor na casa dos
US$ 8. Uma das projeções era
de US$ 8,50, à qual Lula resiste. Ele prefere um valor
mais perto de US$ 10.
Até ontem, o governo estava dividido quanto à data
exata da operação. Enquanto
a equipe econômica e a Petrobras defendem que ela
ocorra dentro do cronograma, a área política teme "marolas eleitorais" e prefere que
seja feita depois da campanha presidencial.
Na semana passada, Lula
disse a assessores que estava
inclinado a adiar em alguns
dias, mas estava sendo convencido pelos técnicos a
manter a data original.
A estatal alega que precisa
realizar a operação o mais rápido possível para captar recursos no mercado e bancar
seu plano de investimento.
A Petrobras foi autorizada,
em assembleia de acionistas,
a elevar em até R$ 150 bilhões o seu capital. A estatal
precisa da operação para evitar que seu endividamento
em relação ao capital, hoje de
34%, supere os 35%.
Se isso ocorrer, a Petrobras
perde a classificação de empresa de grau de investimento, o que lhe dá condições de
tomar empréstimos no sistema financeiro internacional
a juros mais baixos.
Além disso, a estatal conta
com a entrada imediata de
recursos com a participação
dos acionistas minoritários
na operação. Nas primeiras
projeções, a empresa estimava arrecadar até US$ 25 bilhões desses acionistas.
Da parte da União, porém,
não há previsão de entrada
de dinheiro no caixa da estatal. O governo vai bancar sua
parte no aumento de capital
por meio da transferência de
até 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal. Hoje, a
União detém cerca de 32% do
capital total da empresa.
MP
A medida provisória editada ontem permite também
aquisição, alienação, permuta e cessão de ações, inclusive de dividendos.
Ela autorizou ainda um reforço de caixa ao Tesouro Nacional de R$ 1,4 bilhão, fruto
de uma manobra fiscal.
O dinheiro provém de uma
triangulação que envolve a
transferência ao BNDES de
créditos que a União tem direito a receber da Eletrobras.
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