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Investidor busca lucro com ação em baixa
Volume de aluguel de papéis por pessoas físicas bateu recorde em setembro, movimentando R$ 2,1 bilhões
Operação permite obter ganhos com queda de ativos; aumento dos negócios indica maior especulação na Bolsa
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O investidor pessoa física
está mais ousado. Em setembro, pelo segundo mês seguido, o volume de ações que esses aplicadores alugaram de
outros investidores (bancos,
fundos etc.) bateu recorde.
Foram R$ 2,1 bilhões, de
acordo com a BM&FBovespa.
Isso significa que mais investidores estão especulando em cima da oscilação dos
papéis, buscando lucro em
momentos de queda.
"A Bolsa vinha de anos seguidos de alta. Era só comprar a ação e esperar subir.
Com esse solavanco [a crise
de 2008], o mercado ficou
mais difícil", diz Paulo Levy,
diretor da corretora Icap.
A operação mais simples
consiste em alugar ativos de
outro investidor e vendê-los
para comprá-los depois e devolvê-los. Quem faz isso acredita que a ação vai cair e por
isso vai conseguir recomprá-la por um preço menor depois, embolsando a diferença (veja exemplo no quadro).
"É um jeito de ganhar sem
ter o papel na carteira. Mas,
se a ação disparar, vai ter de
comprar para devolver", resume Marcelo Coutinho, sócio-presidente da Youtrade.
O aluguel de uma ação dura, no mínimo, um dia. Os
contratos, geralmente de 30
dias, podem ser renovados.
Quem aluga paga ao dono
do papel uma taxa, que varia
de acordo com o ativo e a demanda, e é proporcional ao
tempo de demora para a devolução. Quando mais gente
acredita na queda do papel, a
procura pelo aluguel aumenta e o custo, também.
Nas duas últimas semanas, quem alugou a ação ordinária da Petrobras pagou
em média 0,54% ao ano.
Entre os dias 15 de setembro 5 de outubro, a taxa média era de 8,46% ao ano.
O aluguel da ação de uma
pequena empresa como a Refinaria de Manguinhos saía,
em média, por 19,68% ao ano
nos últimos 15 dias.
RENDA EXTRA
Alugar ações para outros
investidores é uma fonte de
renda extra para quem costuma comprar papéis e mantê-los parados.
A maior parte dos investidores pessoas físicas, no entanto, atua na ponta mais
conservadora, alugando
suas ações para outros operadores. Em setembro, pessoas físicas alugaram R$ 10,9
bilhões para outros investidores. O volume foi recorde
em agosto: R$ 13,7 bilhões.
Apesar de o retorno, em
geral, ser baixo, o economista Francisco Rocha liga toda
semana para sua corretora
para alugar seus ativos.
"É um rentabilidade muito
reduzida, mas já é alguma
coisa. Alugo todas as ações:
da Vale, da Petrobras, da
Random e da Fosfertil."
"O único risco que o investidor tem é o de perder uma
boa oportunidade de venda", observa o educador financeiro Mauro Calil.
Quem aluga o papel de alguém automaticamente deposita garantias (ações, títulos ou dinheiro) na BMF&Bovespa que cobrem mais de
100% do valor alugado.
Isso dá segurança ao "doador" do papel de que o "tomador" terá recursos para recomprar os ativos e devolvê-los. Essa garantia é ajustada
diariamente, de acordo com
a oscilação do papel.
"INTRA DAY"
Se o investidor quiser ganhar com a queda do papel
no "intra day" (num só pregão), ele não precisa alugar
as ações.
Pode fazer uma venda a
descoberto, ou seja, vender
ações que não tem para comprar no mesmo dia. Isso é
possível porque, quando um
papel é vendido, ele só é efetivamente entregue depois
do fechamento do pregão.
O ex-empresário Silvio
Vaiano se desfez dos negócios há um ano e meio e desde então faz vendas a descoberto diariamente. "Já tive alguns prejuízos. Meus ganhos
por operação ficam entre
0,4% e 0,8%. Ao atingir esse
patamar, fecho a operação."
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