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Banco Central interrompe alta dos juros
Após três altas consecutivas, Copom mantém taxa Selic em 10,75%, refletindo desaceleração do segundo trimestre
Para analistas, Selic não deve sofrer alterações até o fim de 2011, com a decisão ficando para
o próximo governo
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu ontem manter a
taxa básica de juros, a Selic,
em 10,75% ao ano.
A decisão foi unânime e interrompe o último ciclo de
aperto monetário do governo
Lula. A taxa Selic começou a
subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor
nível da história recente.
A expectativa do mercado
financeiro, no entanto, é que
o BC deixe de herança para o
próximo governo a tarefa de
promover uma nova rodada
de aumento, em 2011, para
segurar a inflação.
A decisão de ontem era esperada pela maioria dos economistas. A previsão agora é
que os juros terminem 2011
em 11,50% ao ano.
O Copom ainda tem duas
reuniões neste ano, em outubro e dezembro, mas não há
expectativas de mudanças.
A Selic serve de base para
o custo dos empréstimos a
empresas e consumidores.
Para especialistas, o cenário agora é de estabilidade
nos juros bancários, pois a alta esperada para a taxa básica no próximo ano deve ser
compensada pela queda nos
custos ligados à inadimplência, entre outros fatores.
Na nota divulgada após a
reunião, o Copom diz que
"não espera que o nível de inflação registrado nos últimos
meses se mantenha em um
futuro próximo". Diz ainda
que observa continuação do
processo de redução de risco
para o cenário inflacionário.
A decisão de manter a taxa
básica reflete a avaliação do
BC de que a economia brasileira teve forte desaceleração
no segundo trimestre, quando cresceu a uma taxa próxima de 1%, abaixo dos quase
3% vistos no início do ano.
O dado oficial sobre o PIB
do segundo trimestre será divulgado amanhã pelo IBGE.
Também pesaram na decisão a queda da inflação, devido ao recuo no preço dos
alimentos, e à fraca recuperação da economia global.
Ao contrário do que ocorreu na reunião de julho, não
houve divergências entre o
discurso do Banco Central
sobre a inflação e a decisão
do Copom, segundo avaliação do mercado financeiro.
ANALISTAS
Com a decisão do Copom
de manter os juros, os economistas Roberto Padovani, do
banco WestLB, e Bráulio Borges, da LCA Consultores,
acreditam que a Selic não sofrerá mais alterações até o final de 2011.
Para Padovani, o BC deu
sinais de que a alta de dois
pontos percentuais da Selic
entre abril e julho é suficiente
para conter a inflação e trazê-la para próximo do centro da
meta (4,5%) em 2011.
Segundo o mais recente
IPCA divulgado, a inflação
acumulada em 12 meses estava em 4,6% em julho. Padovani prevê que fechará o ano
em 5%. A LCA Consultores
projeta 4,9% para 2010 e
4,6% para o ano seguinte.
Borges afirma que a inflação deve ficar sob controle
até 2011 devido à recente alta
da Selic, à competição de
preços com produtos importados e à alta menor do salário mínimo em 2010.
A Fiesp disse em nota que
o Copom deveria pedir desculpas pela recente elevação
da Selic: "Tivemos uma desnecessária alta de juros e,
agora, essa tendência é suspensa".
A associação das indústria
do Rio defendeu ajuste fiscal
para permitir a retomada da
queda da taxa.
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