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commodities
Mato Grosso anuncia descoberta de "pré-sal" em minério e fosfato
Reserva tem 11,5 bi de toneladas de minério de ferro, e depósito, 430 mi de toneladas de fosfato
"É o nosso pré-sal", disse o governador Silval Barbosa; depósito de minério de ferro pode ser o maior do mundo
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM
O governo de Mato Grosso
anunciou ontem a descoberta do que pode ser o maior
depósito conhecido de minério de ferro no mundo.
A reserva fica na região
leste do Estado e, segundo levantamento do Serviço Geográfico Nacional feito ao longo de um ano, contém aproximadamente 11,5 bilhões de
toneladas do minério.
O valor é superior ao de Carajás, no Pará, tida como a
maior mina do mundo. Segundo a Vale, empresa que a
opera, sua reserva é de 7,2 bilhões de toneladas.
Mas o depósito em Mato
Grosso tem um teor de ferro
inferior ao do Pará: 41%, ante
67% de Carajás.
Esse teor indica quanto do
produto será aproveitado
efetivamente. Exemplo: a cada 100 toneladas de minério
extraídas na jazida de Carajás, há 67 toneladas de ferro.
Além do minério, foi achado, na mesma área de 4.300
hectares, um depósito de 430
milhões de toneladas de fosfato, substância utilizada na
produção de fertilizantes
agrícolas, disse o governo.
Essa quantidade, de acordo com o anúncio oficial, é
suficiente para sustentar por
mais de 700 anos a demanda
local de fertilizantes, hoje
atendida por importações.
"NOSSO PRÉ-SAL"
"É o nosso pré-sal", disse o
governador Silval Barbosa
(PMDB), candidato à reeleição, sobre os dois depósitos,
que ficam no município de
Mirassol D'Oeste.
Os direitos de pesquisa da
área pertencem à GME4 do
Brasil Participações e Empreendimentos S.A., empresa que tem como sócio majoritário o grupo Opportunity,
do banqueiro Daniel Dantas.
No relatório da Operação
Satiagraha, a Polícia Federal
afirma existir "indícios de lavagem de capital" nas atividades de mineração do grupo Opportunity, que nega as
suspeitas de irregularidades.
Procurada, a GME4 não se
manifestou sobre o achado
anunciado ontem.
Waldemar Abreu, chefe do
Serviço Geológico Nacional
em Mato Grosso, disse que a
área não apresentará dificuldades técnicas de exploração. "Há um afloramento do
minério na região. Logo, não
haverá necessidade de mineração subterrânea, o que reduz o custo do trabalho."
Mas Paulo Camillo Penna,
presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração),
lembrou que dois fatores determinarão a viabilidade econômica dessa exploração: a
construção de meios para escoar o minério e a evolução
do preço do minério.
"Hoje, a logística naquela
região é precária", disse. "De
qualquer maneira, se o anúncio for confirmado, é um
anúncio auspicioso. Mostra a
importância de se fazer mais
pesquisas no país".
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