São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

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Recessão após calmaria assombra EUA

Indicadores ruins de emprego e no mercado de imóveis aumentam risco de que recuperação dê lugar a queda

Em junho, o mercado perdeu 125 mil postos de trabalho; 225 mil vagas temporárias foram extintas no país

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O medo do "double dip", um duplo mergulho na recessão depois de breve recuperação, volta a rondar os EUA.
Para especialistas, o país tem pela frente uma retomada de crescimento mais lenta do que se esperava, e a possibilidade de outra recessão não pode ser descartada.
A divulgação, ontem, da perda de 125 mil postos de trabalho no mês de junho (entre contratações e demissões), impulsionada pelo corte de 225 mil vagas temporárias, fechou uma semana de índices ruins.
De acordo com as estatísticas anunciadas nos últimos dias, o mercado imobiliário esfriou, a confiança dos consumidores caiu mais do que o previsto e o ritmo das atividades do setor manufatureiro se desacelerou.
"O mercado imobiliário continua frágil, os efeitos dos estímulos fiscais do ano passado estão se dissipando, e os nossos mercados financeiros foram abalados pela situação na Europa", afirma Karen Dynan, especialista do Brookings Institution e ex-conselheira sênior do Fed (o banco central dos EUA).
Para ela, os dados recentes "sugerem que o crescimento poderá ser ainda mais lento do que esperávamos e que os riscos do "double dip" estão maiores".
"No curto prazo, precisaremos ver o aumento da demanda e dos empregos privados antes de podermos dizer que a recuperação realmente se firmou."
Josh Bivens, economista do Economic Policy Institute, concorda que uma nova recessão "não pode ser descartada". "Mesmo que não voltemos a ver uma contração completa da atividade econômica, isso não significa que teremos escapado do problema", diz.
"A consequência mais provável para os próximos anos é um crescimento lento demais para prover os empregos necessários e voltar a elevar os salários e o padrão de vida", afirma o economista.
Bivens conclui que "o fracasso no aumento de salários significa que as perspectivas de crescimento do consumo sustentável são limitadas".
Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, admitiu que a economia não está se recuperando na velocidade necessária, mas que o país está "na direção certa".


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