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Recessão após calmaria assombra EUA
Indicadores ruins de emprego e no mercado de imóveis aumentam risco de que recuperação dê lugar a queda
Em junho, o mercado perdeu 125 mil postos de trabalho; 225 mil vagas temporárias foram extintas no país
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
O medo do "double dip",
um duplo mergulho na recessão depois de breve recuperação, volta a rondar os EUA.
Para especialistas, o país
tem pela frente uma retomada de crescimento mais lenta
do que se esperava, e a possibilidade de outra recessão
não pode ser descartada.
A divulgação, ontem, da
perda de 125 mil postos de
trabalho no mês de junho
(entre contratações e demissões), impulsionada pelo
corte de 225 mil vagas temporárias, fechou uma semana
de índices ruins.
De acordo com as estatísticas anunciadas nos últimos
dias, o mercado imobiliário
esfriou, a confiança dos consumidores caiu mais do que o
previsto e o ritmo das atividades do setor manufatureiro
se desacelerou.
"O mercado imobiliário
continua frágil, os efeitos dos
estímulos fiscais do ano passado estão se dissipando, e
os nossos mercados financeiros foram abalados pela situação na Europa", afirma
Karen Dynan, especialista do
Brookings Institution e ex-conselheira sênior do Fed (o
banco central dos EUA).
Para ela, os dados recentes
"sugerem que o crescimento
poderá ser ainda mais lento
do que esperávamos e que os
riscos do "double dip" estão
maiores".
"No curto prazo, precisaremos ver o aumento da demanda e dos empregos privados antes de podermos dizer
que a recuperação realmente
se firmou."
Josh Bivens, economista
do Economic Policy Institute,
concorda que uma nova recessão "não pode ser descartada". "Mesmo que não voltemos a ver uma contração
completa da atividade econômica, isso não significa
que teremos escapado do
problema", diz.
"A consequência mais provável para os próximos anos
é um crescimento lento demais para prover os empregos necessários e voltar a elevar os salários e o padrão de
vida", afirma o economista.
Bivens conclui que "o fracasso no aumento de salários
significa que as perspectivas
de crescimento do consumo
sustentável são limitadas".
Ontem, o presidente dos
EUA, Barack Obama, admitiu que a economia não está
se recuperando na velocidade necessária, mas que o país
está "na direção certa".
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