São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE COMMODITIES

Brasil é o ator principal no cenário mundial da produção de alimentos

MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Qual a ligação entre as cidades de Boston, Pequim, Brasília e Bogotá?
A universitária Boston é o berço. Lá está Harvard, que sediou o 20º Congresso Mundial de Alimentos e Agronegócios e onde leciona com lucidez impressionante, aos 85 anos, o sr. Ray Goldberg, criador do conceito de agronegócios, em 1957.
O tópico mais discutido foi a explosão do consumo de alimentos no mundo e a necessária produção e conversão de grãos em proteínas para uma população cada vez maior, mais urbana, com mais renda e consumo sofisticado. Foi projetado em 109% o crescimento do consumo mundial até 2020.
A mais importante empresa de alimentos da China, sediada em Pequim, nos disse que todas as previsões feitas para o consumo de alimentos foram equivocadas.
Hoje, precisam de mais 35 milhões de hectares de soja.
Em 2011, será outro número. Onde estão esses hectares, se a área agricultável toda é usada e existem graves problemas ambientais?
O dragão pede ajuda, numa das poucas áreas onde necessitarão: a de alimentos.
A agricultura responderá a essa demanda crescente. Nos últimos 40 anos, dobramos a produção de alimentos.
O ator principal para isso é o Brasil. A principal cooperativa dos EUA surpreendentemente mostrou que já detém milhares de hectares produzindo no Brasil e aqui será sua expansão, pois seus agricultores serão globais.
Porém, todos lá em Boston sabiam e temiam o grave problema: a nossa estrutura logística medieval para transportar o alimento mundial.
Lembramos, então, de Brasília, adormecida nessa área de infraestrutura nos últimos 16 anos. Talvez em sono profundo, quando sobraram recursos no mundo. Na volta de Boston, tive reuniões na Colômbia. Fiquei encantado e emocionado.
A pujante Bogotá liderou oito anos onde um senhor simplesmente desenvolveu e devolveu o país à sociedade, combatendo impossíveis mazelas, modernizando instituições e governo, com gente da melhor qualificação.
Ir a Bogotá, a Medellín é ter injeção de esperança e cidadania. Conheci o impressionante plano estratégico 2032 do governo da Colômbia.
Irão longe, acreditem. Caro leitor, Boston criou, Pequim precisa, Brasília fornecerá e Bogotá... um exemplo a essa nova Brasília que virá.

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento na FEA/USP (Campus de Ribeirão Preto).

Internet: www.favaneves.org


Texto Anterior: Entrevista: Mudanças são necessárias, diz executivo da Vale
Próximo Texto: Recessão após calmaria assombra EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.