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ANÁLISE COMMODITIES
Brasil é o ator principal no cenário mundial da produção de alimentos
MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Qual a ligação entre as cidades de Boston, Pequim,
Brasília e Bogotá?
A universitária Boston é o
berço. Lá está Harvard, que
sediou o 20º Congresso Mundial de Alimentos e Agronegócios e onde leciona com lucidez impressionante, aos 85
anos, o sr. Ray Goldberg,
criador do conceito de agronegócios, em 1957.
O tópico mais discutido foi
a explosão do consumo de
alimentos no mundo e a necessária produção e conversão de grãos em proteínas
para uma população cada
vez maior, mais urbana, com
mais renda e consumo sofisticado. Foi projetado em
109% o crescimento do consumo mundial até 2020.
A mais importante empresa de alimentos da China, sediada em Pequim, nos disse
que todas as previsões feitas
para o consumo de alimentos
foram equivocadas.
Hoje, precisam de mais 35
milhões de hectares de soja.
Em 2011, será outro número.
Onde estão esses hectares,
se a área agricultável toda é
usada e existem graves problemas ambientais?
O dragão pede ajuda, numa das poucas áreas onde
necessitarão: a de alimentos.
A agricultura responderá a
essa demanda crescente. Nos
últimos 40 anos, dobramos a
produção de alimentos.
O ator principal para isso é
o Brasil. A principal cooperativa dos EUA surpreendentemente mostrou que já detém
milhares de hectares produzindo no Brasil e aqui será
sua expansão, pois seus agricultores serão globais.
Porém, todos lá em Boston
sabiam e temiam o grave problema: a nossa estrutura logística medieval para transportar o alimento mundial.
Lembramos, então, de
Brasília, adormecida nessa
área de infraestrutura nos últimos 16 anos. Talvez em sono profundo, quando sobraram recursos no mundo.
Na volta de Boston, tive
reuniões na Colômbia. Fiquei
encantado e emocionado.
A pujante Bogotá liderou
oito anos onde um senhor
simplesmente desenvolveu e
devolveu o país à sociedade,
combatendo impossíveis
mazelas, modernizando instituições e governo, com gente da melhor qualificação.
Ir a Bogotá, a Medellín é ter
injeção de esperança e cidadania. Conheci o impressionante plano estratégico 2032
do governo da Colômbia.
Irão longe, acreditem. Caro leitor, Boston criou, Pequim precisa, Brasília fornecerá e Bogotá... um exemplo
a essa nova Brasília que virá.
MARCOS FAVA NEVES é professor titular
de planejamento na FEA/USP (Campus de
Ribeirão Preto).
Internet: www.favaneves.org
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