São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Investimento é 3º menor entre 20 emergentes

Para manter crescimento de 5,5% no futuro, país precisa investir o equivalente a 24% do PIB, mas hoje taxa é de 18%

China investe valor equivalente a 47% do PIB, e Índia, 32%; crescer acima do limite pressiona a inflação


ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A taxa de investimento brasileira está entre as mais baixas do mundo emergente e, segundo pesquisa recente do Banco Central com analistas, permanece muito aquém do necessário para garantir crescimento de 5,5% ao ano.
Depois de crescer a um ritmo recorde de 21,8% em 2010 (apesar de forte desaceleração no último trimestre), investimentos em máquinas e instalações produtivas atingiram o equivalente a 18,4% do PIB.
Essa taxa de investimento representa recuperação em relação aos 16,9% de 2009, mas seguiu abaixo do nível pré-crise, de 19,1% em 2008.
Entre um grupo de 20 países considerados emergentes pela Bolsa eletrônica S&P, o Brasil está entre os três que menos investem (na frente apenas de Egito e Filipinas).
De acordo com Robert Wood, analista de Brasil da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit), na América Latina, países como Peru, Chile e Colômbia têm conseguido aumentar suas taxas de investimento para níveis próximos a 25% do PIB.
Já China e Índia atingiram taxas de investimento próximas de 47% e 32% do PIB, respectivamente, em 2010.

LIMITE AO CRESCIMENTO
A taxa de investimento do Brasil -baixa em comparação com a de seus pares- limita a capacidade de expansão econômica do país.
O BC fez um levantamento recente com analistas do mercado financeiro em que perguntou que taxa de investimento seria "condizente com um crescimento potencial de 5,5%". Em média, a resposta foi 24%, quase seis pontos percentuais acima do patamar atual.
Quando a demanda por bens e serviços supera a capacidade de oferta, uma economia passa a crescer acima do limite, o que gera inflação.
Foi o que ocorreu no Brasil no ano passado, quando a economia cresceu 7,5%, acima do seu potencial estimado em cerca de 4,5%.
Analistas duvidam que ocorra um salto da taxa de investimento para nível próximo aos 24% que garantiriam expansão de 5,5% sem risco inflacionário no curto prazo.
O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, acredita que a taxa de investimento continuará subindo para nível próximo a 21% do PIB nos próximos anos, mas deverá ficar mais ou menos estancada por aí.
Wood, da EIU, acredita que o investimento em infraestrutura continuará crescendo. Por isso, projeta que a taxa de investimento total poderá atingir algo entre 22% e 23% do PIB, mas em um horizonte de três a quatro anos.
O baixo nível de poupança doméstica do Brasil (também um dos menores entre emergentes) é o principal entrave à capacidade de elevar o nível de investimento da economia de forma mais rápida.


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