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Alta da renda per capita é mais lenta que a de asiáticos
Expansão de 7,8% do PIB em 2010 não é sustentável, dizem especialistas
Para reduzir diferença em relação a países ricos, Brasil precisa sustentar crescimento por longos períodos
DE SÃO PAULO
O desafio do Brasil para
passar por um processo semelhante ao vivido pela Coreia do Sul em termos de reduzir o hiato de renda com
países avançados é sustentar
altas taxas de crescimento
por várias décadas.
"Apesar do bom desempenho econômico dos últimos
anos, o Brasil precisa crescer
a taxas mais altas para atingir convergência de renda
com os países desenvolvidos", diz Robert Wood, economista sênior da consultoria britânica Economist Intel-ligence Unit (EIU).
Em 2010, Wood projeta
crescimento real da economia brasileira de 7,8%. Essa
taxa deve resultar em um PIB
per capita medido em Paridade do Poder de Compra (PPC)
de US$ 11.149, o equivalente
a 23,2% do mesmo indicador
para os EUA, salto de meio
ponto percentual ante os
22,7% registrados em 2009.
O problema é que a expansão robusta de 2010 não é
considerada sustentável por
economistas e nem mesmo
pelo governo. Estimativas de
economistas sobre o PIB potencial brasileiro (taxa de
crescimento que não gera
pressões inflacionárias) oscilam entre 4% e 5%.
A taxas como essas, o ritmo de convergência econômica brasileira corre o risco
de seguir mais lento do que o
de economias asiáticas dinâmicas como China e Índia,
que, embora ainda mais pobres que o Brasil, têm apresentado taxas de expansão
de seus PIBs per capita muito
fortes nas últimas décadas.
A EIU projeta crescimento
real médio para o Brasil de
4,6% entre 2011 e 2014, o que
resultaria em um PIB per capita (em PPC) de US$ 13.764
no fim do período, equivalente a 25% do indicador nos
EUA, ainda abaixo dos
30,5% registrados em 1980.
"O Brasil teria de aumentar significativamente sua
produtividade. Para isso, teria de adotar medidas para
simplificar o sistema tributário, reduzir a informalidade e
melhorar o nível da educação, entre outras", diz Wood.
ECONOMIA FECHADA
Outro empecilho ao crescimento de longo prazo do Brasil e da melhora do nível de
renda per capita é o fato de a
economia brasileira ainda
ser muito fechada ao fluxo de
comércio exterior.
O grau de abertura de uma
economia é medido pela chamada corrente de comércio,
que é a soma de exportações
e importações de um país.
"Em uma economia muito
fechada, o nível de concorrência é menor e, portanto, o
potencial de melhora da produtividade é mais baixo", diz
José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ.
Estudo sobre convergência econômica feito pelos
economistas Jeffrey Sachs,
professor da Universidade
Columbia (Estados Unidos),
e Andrew Warner, atualmente no Banco Mundial, também cita a abertura ao comércio exterior como uma
das condições para que as
rendas de países mais pobres
convirjam para patamares de
nações desenvolvidas.
Embora o Brasil tenha obtido avanços em relação ao
segundo ponto, ainda deixa
a desejar no que diz respeito
ao primeiro.
A relação entre a corrente
de comércio e o PIB brasileiro
era de apenas 18% no ano
passado, ante 45% da China,
30% da Índia, 40% da Rússia
e 82% da Coreia do Sul.
(ÉRICA FRAGA)
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