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Turno de 12 horas acelera metrô chinês
Em Pequim, operários e engenheiros trabalham também aos finais de semana; subterrâneo da cidade é todo mapeado
Engenheiro enviado por Mao para estudar o metrô pelo mundo em 1963 ainda coordena expansão pela China
DO EDITOR DE MERCADO
Cerca de 3.500 operários e
técnicos trabalham de segunda a domingo em turnos
de 12 horas. São as obras da
linha 15 de Pequim, iniciadas
em janeiro do ano passado.
Todos, inclusive os 30 engenheiros que trabalham no
setor visitado pela Folha,
moram na própria obra, em
dormitórios feitos em estrutura pré-fabricada.
"Durmo aqui e só descanso nos feriados porque não
podemos atrasar nenhum
dia no cronograma", explica
o engenheiro Yu Cao, 34,
coordenador da linha 15.
Com 23 km, a linha 15 ficará pronta até o fim deste ano.
Inicialmente seriam quatro
anos de construção, mas o
governo decidiu que ela precisa sair em dois anos -e, assim, contratar mais mão de
obra em tempos de desaceleração da economia global.
O salário mais baixo para
os operários, em sua maioria
camponeses, é de 10 yuans/
hora. Os pedreiros ganham
cerca de 3.600 yuans mensais (R$ 900), já incluídos horas extras e fins de semana -
o valor equivale a dez vezes a
renda média na zona rural.
Foram criados 14 espaços,
de 10 mil metros quadrados
cada, de onde começam as
perfurações do túnel. Há seis
máquinas perfuradoras em
uso, da japonesa Hitachi, da
alemã Herrenknecht e da fábrica chinesa de Shenyang.
"As estatais de gás e água
mapeiam para nós, antes de
começarmos a construção,
onde ficam poços, rios, rochedos, cabos e outros barreiras no caminho de nossos
túneis. Perfuramos seguindo
esse mapa preciso", diz Yu.
A perfuração dos 14 poços
de 17 metros de profundidade levou três meses; os túneis, seis meses; mais um semestre para serem instalados
os trilhos, as proteções e as
plataformas; e aproximadamente oito meses para construir as estações, as saídas, a
finalização e o estacionamento dos trens.
LONGO PRAZO
O engenheiro Shi Zhongheng, 81, chefe da estatal
Corporação Metrôs da China,
personifica o planejamento a
longo prazo.
Shi foi enviado por Mao
Tsé-tung em 1963 para conhecer como funcionavam
os sistemas mais avançados
de metrô no mundo. Ficou
encantado com o que viu em
Tóquio e Paris.
Hoje, ele chefia o comitê
de especialistas que coordena os metrôs em oito cidades.
"Começamos o metrô de Pequim em 1965, mas só engrenou nos anos 90. Dinheiro é
fundamental e a China era
muito pobre", diz.
Entre 1965 e 2001, Pequim
só construiu 41 km de metrô.
Mas, no início de 2008, o número já tinha pulado para
140 km; hoje, tem 226 km;
outros 220 km já estão em
construção.
Agora, ele diz que é hora
de inovar. No metrô de
Chongqing, maior região metropolitana do país (com 31
milhões de habitantes), os
trens correm por um trilho
em vez dos dois habituais.
Depois da China, as redes
de metrô que mais crescem
no mundo são as de Seul e
Madri. Ambas democracias e
com salários bem mais elevados que os chineses, elas
construíram respectivamente 89 km e 68 km desde 2000.
No Brasil, entre 1968 e
1982, a ditadura militar construiu apenas 30 km da rede
do metrô paulistano. Atualmente, o quilômetro do metrô paulistano é 60% mais caro que o pequinês. Os trilhos
da linha 4 paulistana são importados da China.
(RJL)
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