São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China constrói mais 2.000 km de metrô até 2015

70% dos equipamentos dos vagões precisam ser feitos no país; concessões a construtores chegam a cem anos

Iniciada em 1995, rede de Xangai é a maior do mundo, com 420 km; em 40 anos, São Paulo e Rio construíram 113 km

Yang Yi/China Foto Press
Parede decorada no metrô de Xangai

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO

A China está construindo 2.000 quilômetros de metrô ao mesmo tempo, em 25 cidades diferentes. Dos 1.000 km atuais, chegará a 3.000 km em 2015. O custo da expansão é de US$ 146 bilhões.
O metrô de Xangai, inaugurado em 1995, já é o maior do mundo, com 420 km de extensão (Londres conta com 408 km). O transporte coletivo virou prioridade nacional pela poluição e pelos crescentes congestionamentos nas metrópoles chinesas, até recentemente transitadas apenas por bicicleta.
A terceira maior cidade do país, Guangzhou (com 14 milhões de habitantes), inaugurou 80 km de metrô desde 2006 e tem mais 130 km para inaugurar até o fim do ano.
Para ter uma ideia do feito chinês, São Paulo construiu 66 km nas últimas quatro décadas; o metrô do Rio, iniciado em 1979, tem 47 km.
Há modelos variados: concursos internacionais para estimular parcerias entre empresas estrangeiras e estatais; participação e financiamento de empresas de Hong Kong; e disputa entre empreiteiras locais, com pesadas multas contra atrasos.
O quilômetro da rede em Pequim e Xangai custa entre 450 milhões e 500 milhões de yuans (de R$ 112,5 milhões a R$ 125 milhões).
"Temos uma orientação para que 70% do vagão seja feito na China, das poltronas à iluminação", disse à Folha Shi Zhongheng, 81, engenheiro-chefe da estatal Corporação de metrôs da China.
A China começa a exportar essa indústria. Os trilhos da linha 4 paulistana são de fabricação chinesa (com ferro brasileiro exportado à China). O Rio vai importar trens da potência asiática.

ROLO COMPRESSOR
Na maioria dos casos, as empresas vencedoras dos concursos públicos têm o direito de explorar o metrô por cem anos depois de construí-lo. Elas são responsáveis por desapropriar e despejar moradores nas áreas em que serão abertos os poços de escavação ou de ventilação.
Ao estilo rolo compressor acelerado chinês, não há relatório ambiental, desapropriação ou problemas trabalhistas que possam atrasar obras decididas por Pequim.
Nos últimos anos, porém, o governo passou a ser mais cuidadoso na hora de despejar os residentes e aumentou as indenizações, graças a protestos mais barulhentos.
"O metrô é levado aonde há densa concentração residencial para ser utilizado pelo máximo possível de pessoas, antes que elas decidam comprar carros", diz o engenheiro Shi. "Cada novo distrito empresarial só é aprovado se tiver metrô por perto."
Nas três maiores cidades chinesas, as estações já são anunciadas em inglês, mandarim e nos idiomas locais (xangainês e cantonês).
Há telões com a tecnologia LED para anúncios nos vagões e funcionários ensinando o chinês a fazer fila.
O metrô é bem subsidiado na China e ganhou um empurrão com o pacote de estímulo da economia, lançado em 2008. A passagem em Pequim e Guangzhou custa dois yuans, ou R$ 0,50.


Texto Anterior: Foco: Valorização do real torna SP a cidade mais cara das Américas
Próximo Texto: Turno de 12 horas acelera metrô chinês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.