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China constrói mais 2.000 km de metrô até 2015
70% dos equipamentos dos vagões precisam ser feitos no país; concessões a construtores chegam a cem anos
Iniciada em 1995, rede de Xangai é a maior do mundo, com 420 km; em 40 anos, São Paulo e Rio construíram 113 km
Yang Yi/China Foto Press
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Parede decorada no metrô de Xangai
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
A China está construindo
2.000 quilômetros de metrô
ao mesmo tempo, em 25 cidades diferentes. Dos 1.000 km
atuais, chegará a 3.000 km
em 2015. O custo da expansão é de US$ 146 bilhões.
O metrô de Xangai, inaugurado em 1995, já é o maior
do mundo, com 420 km de
extensão (Londres conta com
408 km). O transporte coletivo virou prioridade nacional
pela poluição e pelos crescentes congestionamentos
nas metrópoles chinesas, até
recentemente transitadas
apenas por bicicleta.
A terceira maior cidade do
país, Guangzhou (com 14 milhões de habitantes), inaugurou 80 km de metrô desde
2006 e tem mais 130 km para
inaugurar até o fim do ano.
Para ter uma ideia do feito
chinês, São Paulo construiu
66 km nas últimas quatro décadas; o metrô do Rio, iniciado em 1979, tem 47 km.
Há modelos variados: concursos internacionais para
estimular parcerias entre empresas estrangeiras e estatais; participação e financiamento de empresas de Hong
Kong; e disputa entre empreiteiras locais, com pesadas multas contra atrasos.
O quilômetro da rede em
Pequim e Xangai custa entre
450 milhões e 500 milhões de
yuans (de R$ 112,5 milhões a
R$ 125 milhões).
"Temos uma orientação
para que 70% do vagão seja
feito na China, das poltronas
à iluminação", disse à Folha
Shi Zhongheng, 81, engenheiro-chefe da estatal Corporação de metrôs da China.
A China começa a exportar
essa indústria. Os trilhos da
linha 4 paulistana são de fabricação chinesa (com ferro
brasileiro exportado à China). O Rio vai importar trens
da potência asiática.
ROLO COMPRESSOR
Na maioria dos casos, as
empresas vencedoras dos
concursos públicos têm o direito de explorar o metrô por
cem anos depois de construí-lo. Elas são responsáveis por
desapropriar e despejar moradores nas áreas em que serão abertos os poços de escavação ou de ventilação.
Ao estilo rolo compressor
acelerado chinês, não há relatório ambiental, desapropriação ou problemas trabalhistas que possam atrasar
obras decididas por Pequim.
Nos últimos anos, porém,
o governo passou a ser mais
cuidadoso na hora de despejar os residentes e aumentou
as indenizações, graças a
protestos mais barulhentos.
"O metrô é levado aonde
há densa concentração residencial para ser utilizado pelo máximo possível de pessoas, antes que elas decidam
comprar carros", diz o engenheiro Shi. "Cada novo distrito empresarial só é aprovado se tiver metrô por perto."
Nas três maiores cidades
chinesas, as estações já são
anunciadas em inglês, mandarim e nos idiomas locais
(xangainês e cantonês).
Há telões com a tecnologia
LED para anúncios nos vagões e funcionários ensinando o chinês a fazer fila.
O metrô é bem subsidiado
na China e ganhou um empurrão com o pacote de estímulo da economia, lançado
em 2008. A passagem em Pequim e Guangzhou custa
dois yuans, ou R$ 0,50.
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