São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010 |
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Emergentes e ricos se igualam, diz CEO da Pimco Mohamed El-Erian dirige a maior administradora de fundos do mundo Executivo afirma que o capital internacional está migrando dos países industrializados para os emergentes
ÉRICA FRAGA
A distinção entre países industrializados e mercados
emergentes está se tornando
irrelevante. E, entre os emergentes, o Brasil representa a
fatia mais larga dos investimentos da Pimco, maior administradora de fundos de
renda fixa do mundo. Folha - Como o seu portfólio brasileiro evoluiu desde 2002, quando a Pimco decidiu comprar títulos da dívida soberana brasileira durante a crise? Mohamed El-Erian - Nós temos aumentado nossa exposição ao Brasil. Achamos que a economia estava sendo bem administrada. Eu escrevi um artigo no site da Pimco em 2003 dizendo que o Brasil seria grau de investimento em cinco anos. Você não acreditaria a quantidade de comentários que recebi por esse artigo. Comentários críticos? Sim, criticando o artigo. As pessoas não acreditavam que o Lula manteria o ajuste. É verdade que o Brasil representa uma fração importante dos investimentos da Pimco, perdendo apenas para alguns países desenvolvidos? Essas não são estimativas ruins (risos). Isso quer dizer que vocês estão tratando o Brasil como um país desenvolvido? Não somos os únicos. O mercado também. Se você olhar os "spreads" do Brasil (diferença entre os juros de cinco anos pagos pelos títulos da dívida externa do Brasil e os do Tesouro norte-americano), eles estão em 1,3 ponto percentual, os da Espanha estão em 1,8, a Irlanda está em 3,5 e a Grécia, em 10. Toda a distinção entre países industrializados e mercados emergentes está se tornando irrelevante. Como empresa, lentamente estamos tirando dinheiro de países industrializados para mercados emergentes. É uma visão de longo prazo. Acreditamos que há uma migração tanto da dinâmica de crescimento como de riqueza dos países industrializados para mercados emergentes. E o Brasil é, de longe, o emergente ao qual temos maior exposição. Mas isso não significa que tudo esteja perfeito no Brasil, inclusive eu estive aí no último mês. E qual foi sua impressão? Eu me senti encorajado pela autoconfiança do setor privado e pela seriedade das autoridades. E fiquei muito impressionado com o fato de que muitos avanços foram institucionalizados. Mas o Brasil precisa aumentar o investimento. O investimento privado ainda é muito baixo. O Brasil tem de continuar reformando seu regime tributário, ainda há um elemento anticrescimento no sistema tributário. Qual seria a importância do ex-ministro Palocci num eventual governo de Dilma Rousseff? Ajudaria muito. Ele tem uma credibilidade enorme. É visto como alguém que é fiscalmente disciplinado. Tem boa reputação tanto com investidores domésticos como estrangeiros. Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Raio-X de Mohamed El-Erian Índice |
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