|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
OPINIÃO
Gestão de pessoas e mais produtividade são estratégicos
ARNALDO NISKIER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Está em voga a referência à
expressão educação corporativa. Pode-se supor que ela
provenha do modelo norte-americano, povoado de escolas com características inovadoras, servindo sobretudo às
grandes empresas.
O foco das grandes organizações do século 21 recai sobre a gestão de pessoas e,
sendo a educação corporativa um conjunto de estratégias voltadas ao desenvolvimento do capital humano,
nada mais oportuno do que
valorizar as suas virtualidades, hoje presentes também
em nosso país.
Sendo a aprendizagem um
processo contínuo, deve-se
somar a isso o registro da
descentralização do poder e
a verticalização das relações
dentro das corporações.
Como vivemos na sociedade do conhecimento, a preocupação com o aumento da
produtividade conduz à existência de instituições voltadas para a educação desse
contingente humano cada
vez mais expressivo.
As empresas do futuro serão aquelas comprometidas
com o desejo de oferecer uma
educação qualificada, valendo-se de fatores como o domínio pessoal, visão compartilhada, trabalho em equipe e
a necessária visão sistêmica.
Até aí, tudo certo. O problema está na denominação.
O Brasil gosta de surpreender
com designações esdrúxulas, como a Universidade do
Trabalho, a Universidade da
Música Popular, a Universidade da Cachaça e agora a
Universidade Corporativa.
Não podem ter esses nomes. A lei nº 9.394/96 distingue com clareza os requisitos
indispensáveis ao uso do nome de universidade, que só
pode existir depois de um
longo e minucioso processo
que é (ou não) aprovado pelo
Conselho Nacional de Educação. Veja-se o artigo 52 da Lei
de Diretrizes e Bases, quando
há referências explícitas às
obrigações estatutárias das
universidades: cuidar de forma indissociável de ensino,
pesquisa e extensão.
Não é exatamente o perfil
das universidades corporativas. Melhor fariam elas se
fossem denominadas escolas
ou institutos, mantendo a linha da missão de formação e
aperfeiçoamento de recursos
humanos, de que o Brasil está tanto necessitado.
Assim se evitaria o risco de
apagão da mão de obra ou
que sejamos obrigados, vergonhosamente, a conviver
com a contratação de técnicos e engenheiros chineses,
como está acontecendo.
ARNALDO NISKIER é membro da Academia
Brasileira de Letras e ex-integrante do
Conselho Nacional de Educação.
Texto Anterior: Treinamento também supre deficiências da formação básica Próximo Texto: Bolsa inicia negociação de Apple e Google Índice | Comunicar Erros
|