São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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OPINIÃO

Gestão de pessoas e mais produtividade são estratégicos

ARNALDO NISKIER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Está em voga a referência à expressão educação corporativa. Pode-se supor que ela provenha do modelo norte-americano, povoado de escolas com características inovadoras, servindo sobretudo às grandes empresas.
O foco das grandes organizações do século 21 recai sobre a gestão de pessoas e, sendo a educação corporativa um conjunto de estratégias voltadas ao desenvolvimento do capital humano, nada mais oportuno do que valorizar as suas virtualidades, hoje presentes também em nosso país.
Sendo a aprendizagem um processo contínuo, deve-se somar a isso o registro da descentralização do poder e a verticalização das relações dentro das corporações.
Como vivemos na sociedade do conhecimento, a preocupação com o aumento da produtividade conduz à existência de instituições voltadas para a educação desse contingente humano cada vez mais expressivo.
As empresas do futuro serão aquelas comprometidas com o desejo de oferecer uma educação qualificada, valendo-se de fatores como o domínio pessoal, visão compartilhada, trabalho em equipe e a necessária visão sistêmica.
Até aí, tudo certo. O problema está na denominação.
O Brasil gosta de surpreender com designações esdrúxulas, como a Universidade do Trabalho, a Universidade da Música Popular, a Universidade da Cachaça e agora a Universidade Corporativa.
Não podem ter esses nomes. A lei nº 9.394/96 distingue com clareza os requisitos indispensáveis ao uso do nome de universidade, que só pode existir depois de um longo e minucioso processo que é (ou não) aprovado pelo Conselho Nacional de Educação. Veja-se o artigo 52 da Lei de Diretrizes e Bases, quando há referências explícitas às obrigações estatutárias das universidades: cuidar de forma indissociável de ensino, pesquisa e extensão.
Não é exatamente o perfil das universidades corporativas. Melhor fariam elas se fossem denominadas escolas ou institutos, mantendo a linha da missão de formação e aperfeiçoamento de recursos humanos, de que o Brasil está tanto necessitado.
Assim se evitaria o risco de apagão da mão de obra ou que sejamos obrigados, vergonhosamente, a conviver com a contratação de técnicos e engenheiros chineses, como está acontecendo.


ARNALDO NISKIER é membro da Academia Brasileira de Letras e ex-integrante do Conselho Nacional de Educação.


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