São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Celular em avião depende do consumidor

Antes proibido por segurança, uso de telefone a bordo agora é determinado pela preferência do passageiro

TAM inicia serviço em uma única aeronave; empresas europeias não permitem uso a fim de não incomodar viajante

Mariana Barbosa/Folhapress
O empresário Jeferson Dib fala ao celular em voo da TAM

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Durante anos, o uso de celular a bordo de aviões foi proibido por motivos de segurança. Com os avanços tecnológicos, o comportamento e as preferências do consumidor é que estão determinando a liberação de conversas telefônicas a 4.000 metros de altura.
O serviço começou a ser oferecido pela TAM em 28 de outubro, em uma única aeronave. A ampliação dependerá da aceitação e da demanda pelo serviço, que serão monitoradas pelos próximos seis meses.
"Devemos chegar a ao menos quatro aviões nessa etapa inicial, quando avaliaremos se o passageiro vê valor agregado no serviço", diz José Racowski, gerente de unidade de negócios da TAM.
Apesar de liberadas na Europa desde 2008, muitas companhias, como Lufthansa e British Airways, optaram por não permitir conversas ao celular para não incomodar os demais passageiros.
No lugar disso, optaram por oferecer conexão de internet sem fio e também a possibilidade de envio de torpedos e dados via celular.
Nos EUA, o serviço de voz é proibido pela agência reguladora FCC (Federal Communications Commission), influenciada por lobby de associações de comissários.
O argumento da FCC é que a demanda no ar poderia sobrecarregar as redes em terra. Diante da proibição, as companhias americanas optaram pela internet sem fio.
O custo para elas é inferior, pois o serviço se beneficia de infraestrutura de comunicação terra-ar, de origem militar, que só existe nos EUA.
Mas são razões comportamentais que explicam o fato de os EUA proibirem serviços de comunicação de voz via internet, como o Skype.

CUSTO DA INTERNET
"Quando iniciamos o acordo com a OnAir [que desenvolveu a tecnologia de celular para avião], o Wi-Fi em voos não estava disponível para o Brasil", diz Racowski, da TAM.
Hoje a internet a bordo esbarra em questões de custo. Mas a TAM avalia a possibilidade de oferecer, no futuro, internet em voos internacionais de longa duração.
Já o serviço de celular -cujo custo de implantação a TAM não revela- ficará restrito aos voos domésticos. "Em voos curtos, a necessidade de comunicação tende a ser suprida pelo telefone", diz. "Todos levam celular, mas nem todos carregam o laptop em viagem curta."
As concorrentes investem em tecnologias diferentes. A Azul promete TV ao vivo, mas problemas técnicos têm atrasado o lançamento.
A Gol não terá nem celular, nem internet, nem TV. A empresa caminha para um serviço sem fio com diversas opções de entretenimento, a ser acessado a partir dos aparelhos -celular, laptop, iPad- dos próprios passageiros.

INTERFERÊNCIA
Os problemas de interferência com a cabine de comando dos aviões foram superados a partir do sistema desenvolvido pela OnAir, em parceria com a Airbus, que funciona como uma miniestação de transmissão.
O contato com as redes em terra se dá por meio dessa estação, que fica dentro do avião e que retransmite o sinal para os celulares a bordo.
O equipamento foi aprovado pela Easa, a agência europeia de aviação, responsável por certificar aviões da Airbus. Segundo César Hess, gerente de engenharia da Anac, foram feitas adaptações de frequência para o Brasil por demanda da Anatel.


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