São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2011

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Governo adia regra para avaliar café

Degustação para analisar sabor e aroma foi suspensa por seis meses pelo ministério, após pressão da indústria

Setor cafeeiro reclamou que critérios definidos em instrução normativa são "subjetivos" e que falta técnico treinado

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Após pressão da indústria, o Ministério da Agricultura suspendeu, por seis meses, uma das formas de avaliação da produção de café.
A análise sensorial criada pela instrução normativa nº 16, com início previsto inicialmente para fevereiro, estabelece condições para o governo avaliar a qualidade do café torrado e moído.
A indústria do setor reclamou dos critérios "subjetivos" para a análise de sabor, aroma, acidez e adstringência do café e alegou ainda que faltam profissionais treinados para a função.
O governo manteve a data para o início da fiscalização sobre impurezas e umidade -17 de fevereiro-, também prevista na instrução.
Os técnicos da Agricultura e os representantes do setor vão agora tentar adotar novos critérios para realizar a análise sensorial do produto.
"Estimamos que, em seis meses, podemos adotar parâmetros para garantir ao consumidor um bom café", disse à Folha o secretário de Produção e Agroenergia do ministério, Manoel Vicente Fernandes Bertone.
Segundo ele, neste ano, o governo espera treinar 340 degustadores para a análise sensorial. A turma inicial, com 20 técnicos, se formará neste mês na UFV (Universidade Federal de Viçosa-MG).
A instrução normativa nº 16 interrompe um ciclo de 20 anos de autorregulação da indústria de café. O controle volta a ficar com o governo.

INDÚSTRIA
O diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Nathan Herszkowic, disse que a instituição vai trabalhar com o ministério na implantação das normas. "Vamos tentar o melhor café possível", disse.
"Foi uma decisão acertada [a suspensão]", disse o deputado federal Carlos Melles (DEM-MG). Ele é presidente da Cooparaiso (Cooperativa de Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso), em Minas, Estado com a maior produção de café do país.
A presidente da Café Utam, de Ribeirão Preto -12ª maior indústria do setor no país, segundo a Abic-, Ana Carolina Soares de Carvalho, apoia as normas.
Ela diz que a instrução normativa é "um grande avanço" só por definir regras e impor sanções.
O cafeicultor Guilherme Salomão Vicentini, 30, acha que as normas vão eliminar do mercado os produtos de qualidade inferior.
"Apesar da falta de critérios para a análise sensorial, acho importante porque fortalece o setor e incentiva o consumo do café", disse.
O café que não se enquadrar nas normas terá a venda proibida. A regra estabelece limites de 5% de umidade e 1% de impurezas (casca, paus, restos de folha) e matérias estranhas (sementes ou farelo de milho). Isoladamente, o limite é 0,1%.


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