São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2011

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Produção de mamona e de girassol recua

Plano do governo Lula era incentivar o cultivo familiar desses produtos para biodiesel

FELIPE BÄCHTOLD
DE SÃO PAULO

Bandeira do governo Lula antes da descoberta do pré-sal, a produção de mamona e de girassol para biodiesel sofreu quedas expressivas na última safra.
De acordo com o IBGE, as duas culturas tiveram recuos em área plantada e em toneladas produzidas da safra de 2009 para a de 2010.
O plano de Lula era impulsionar a agricultura familiar em regiões como o Nordeste por meio do cultivo de oleaginosas (vegetais que contêm óleo) para a fabricação do biodiesel.
Segundo o IBGE, as duas culturas continuam com pouca expressão. A produção de girassol caiu 17% e deve fechar 2010 com 81,6 mil toneladas produzidas.
A área cultivada de mamona também encolheu 17%. A estimativa é que haja 137 mil hectares de plantações.
No caso do girassol, deve haver retração no Rio Grande do Sul, um dos grandes produtores, pela concorrência com a soja. Na Bahia, principal produtor de mamona, há dificuldade de acesso ao crédito, diz o governo do Estado.
A produção do biodiesel cresceu no país nos últimos anos, mas baseada na soja, originada do agronegócio de larga escala.
Lula chegou a prever que a produção familiar para biodiesel teria para o Nordeste a mesma importância que o álcool teve no interior paulista.
Em outra ocasião, ainda no primeiro mandato, falou: "Hoje a gente pode pegar a semente do girassol e dizer: "Daqui eu vou produzir o combustível para tocar o trator do senhor João'".
Em 2008, a Agência Nacional do Petróleo divulgou nota técnica apontando que não é possível produzir biodiesel apenas com mamona.

CLIMA
No Rio Grande do Sul, segundo a federação da agricultura local, o cultivo de girassol concorre com o da soja e é prejudicado por ser uma cultura menos consolidada.
"Não existe uma indústria específica nem uma demanda direcionada no caso do girassol", diz o presidente da entidade, Carlos Sperotto.
Neste ano, diz, havia a previsão de problemas climáticos, e os produtores optaram pela soja -mais resistente.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, responsável pelos programas de agricultura familiar, também atribuiu a retração ao clima.
Informou que houve melhorias na logística e na assistência técnica, mas que partes do Nordeste passaram pela estiagem mais intensa desde 1912. Disse também que há previsão de chuvas regulares em 2011, o que deve gerar uma expansão do setor.


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