São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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Governo adia leilão do trem-bala e diz que não amplia garantias

Entrega de propostas, que seria na 2ª, fica para julho; interessados dizem que dificuldades persistem

ANTT atribui mudança à falta de tempo hábil para que os consórcios fechassem negociações com construtoras

DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O governo não pretende dar mais recursos ou garantias para os interessados em participar da concorrência do trem-bala que ligará Campinas-SP-RJ.
Após anunciar mais um adiamento do processo, agora para 11 de julho (data da entrega das propostas, que serão abertas no dia 29), o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, afirmou que apenas pequenas mudanças no edital poderão ser feitas, mas nada que implique alterar a atual modelagem.
A entrega das propostas ocorreria na segunda, e a abertura dos envelopes, no dia 29.
Os interessados continuam dizendo que terão dificuldades para fechar proposta. Foi o segundo adiamento do leilão, antes previsto para novembro de 2010.
"Em princípio, não muda nada", disse Figueiredo, que admite pequenos ajustes na nacionalização da tecnologia e na isenção de impostos de importação de componentes.
Figueiredo afirmou que o motivo da mudança é que não houve tempo para que os consórcios fechassem negociação entre construtoras e detentores de tecnologia.
Segundo ele, o tempo de mais três meses é suficiente para fechar essas conversas. Para ele, as grandes empreiteiras nacionais estão engajadas no projeto e, por isso, o governo tem confiança de que haverá interessados.
O nó empresarial do projeto está agora no custo da obra. Estudos feitos apontam que o projeto vai custar mais que os R$ 33,1 bilhões (valor de 2008) previstos no edital.
Do valor previsto, o governo financia até R$ 20 bilhões pelo BNDES e entrará com recursos do Orçamento de até R$ 3,4 bilhões.
O vencedor terá de conseguir o restante do dinheiro sozinho -70% em capital próprio e 30% em outros financiamentos.
Com o projeto em R$ 33,1 bilhões, seriam quase R$ 10 bilhões do vencedor. Se for maior, todo o valor a mais terá de ser coberto pelo vencedor, mantendo a proporção de 70% e 30%.
"O adiamento é ótimo. Mas, se não houver mudança na modelagem, acho que nada vai acontecer", disse Luciano Amadio, presidente da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Pública), que reúne grupo de interessados no projeto e tenta parceria com chineses.
Já a francesa Alstom informou em nota que "reforça o interesse no projeto (...) e permanece à disposição para discutir e oferecer suporte técnico ao governo".

RISCOS
Para Hélcio Aunhão, diretor de desenvolvimento de negócios da Siemens, o adiamento é bem-vindo, mas o prazo poderia ser maior.
Aunhão cobrou mudanças no edital para reduzir os riscos do projeto, como o custo da construção ou a transferência de tecnologia.
A espanhola Talgo comemorou a decisão do governo e prometeu manter avaliações sobre a possibilidade de participar do leilão.
"Teremos mais tempo para os estudos, mas o maior problema ainda é a obra", disse João Meireles, diretor de desenvolvimento de mercado da Talgo.


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