São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011 |
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ANÁLISE Hierarquia e vida sacrificada provocarão muitos choques RAUL JUSTE LORES EDITOR DE MERCADO Confúcio é o pai de choques culturais inevitáveis entre patrões chineses e funcionários de qualquer outra cultura que não seja confuciana. Para o criador do influente código de conduta de sociedades do Extremo Oriente (Coreia e Japão, apesar de democracias, são tão rígidos na hierarquia quanto a China), cada indivíduo tem um papel bastante claro a desempenhar com seus superiores ou com subordinados. Obediência é chave na "sociedade harmoniosa" pensada por Confúcio, segundo os discípulos que popularizaram seus ensinamentos, totalmente apropriados pelos imperadores chineses. Nessa sociedade, filhos devem obediência total aos pais e aos irmãos mais velhos, mulheres a seus maridos, crianças a seus professores e cidadãos ao imperador. O confucionismo, portanto, é responsável pelo enorme prestígio da educação e dos professores nas sociedades orientais, o que faz de chineses, coreanos e japoneses excelentes alunos (mas nem sempre criativos). Mas também cria patrões bastante duros e pouco afeitos a debater com seus subordinados. Ordem é ordem. Some-se essa cultura ao atual momento da China. Depois de séculos de pobreza e instabilidade, e do caos e da miséria criados pelo maoísmo, os chineses têm muita pressa em fazer dinheiro e deixar o atraso para trás. Na potência asiática, universitários têm aulas em pleno sábado à noite, crianças vão à escola de segunda a domingo e bilionários marcam entrevistas nos poucos feriados existentes. Metade da população não tem fim de semana e não existem férias remuneradas. Para ocidentais, isso pode ser escravidão, mas, para milhões de chineses, é um momento único em sua história, que eles precisam aproveitar antes que alguma calamidade apareça. A toada de sacrifício e trabalho duro é quase universal por lá. Os chineses até podem se adaptar ao resto do mundo, mas, com conta bancária cada vez mais sedutora, é possível que, antes disso, muito estrangeiro aceite viver sob o estilo de vida chinês. Texto Anterior: Operário da Foxconn se queixa de pressão e ritmo de trabalho Próximo Texto: Mercado abriga novatos em Buenos Aires Índice | Comunicar Erros |
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