São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Defasagem logística pode comprometer a expansão do etanol

AMARYLLIS ROMANO
ARTHUR VIARO

ESPECIAL PARA A FOLHA

Embora tenha sido caracterizado no último ano por preocupações de curto prazo, o setor sucroalcooleiro enfrenta gargalos que vão além do balanço entre oferta e demanda.
A descapitalização dos produtores decorrente da crise econômica mundial de 2008 e que impediu os investimentos nos canaviais nas duas últimas safras, com a consequente perda de produtividade e qualidade da matéria-prima, já não é novidade no setor.
Tanto que os produtores já vêm conseguindo medidas de apoio do governo, através de planos de investimento.
Contudo, uma questão que não vinha recebendo grande atenção, mas que pode comprometer a expansão do setor no longo prazo, são as pressões dos gargalos na logística de escoamento sobre os preços do combustível, que ficaram ainda mais evidentes com a primeira quebra de safra registrada nos últimos dez anos.
Atualmente, a maior parte da distribuição de etanol é feita por rodovias e, em menor grau, por ferrovias -modais altamente custosos para o consumidor final.
Essa predominância explica-se pela maior competitividade das rodovias em rotas curtas, típicas do interior paulista, que concentra grande parte da produção e baixo volume de carga.
Apesar de o Centro-Sul concentrar a maior parte do consumo de etanol, o aquecimento da economia tem impulsionado a demanda nas demais regiões.
Esse fator, aliado à expansão das novas fronteiras agrícolas, tem acarretado o encarecimento dos fretes, dadas as maiores distâncias percorridas entre os centros produtores e consumidores.
Embora as medidas emergenciais de curto prazo -como os incentivos fiscais dados aos produtores e a redução de 25% para 20% da mistura de anidro à gasolina- e os investimentos de médio e longo prazos na recuperação e na expansão dos canaviais sejam importantes para aliviar as pressões altistas sobre os preços, a questão da infraestrutura de transporte não pode ser negligenciada por também ser um importante componente de custo na formação das cotações.
Nesse sentido, um sistema com grande potencial para auxiliar a logística mais eficiente do etanol seria o uso de alcooldutos, que atualmente se limitam a poucas rotas e a curtas distâncias.
Um dos fatores que inibem o uso desse modal é a exigência, pela operadora dos dutos nacionais, de volume mínimo e lastro operacional, que acaba inviabilizando o transporte de pequenos volumes e baixa periodicidade.
Com isso, hoje o etanol ainda responde por parcela pequena do volume total de combustíveis transportados por dutos -em 2010, dos 71,9 bilhões de litros transportados, só 1,3% era de etanol.

AMARYLLIS ROMANO é economista pela FEA com MBA pelo Ibmec e sócia da Tendências Consultoria;
ARTHUR VIARO é analista da Tendências Consultoria.




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