Para economistas, números do PIB não justificam uma mudança de rumo

Se confirmado, o aumento elevará a taxa básica de juros dos atuais 9,50% anuais para 10,25% ao ano

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Banco Central deve confirmar hoje as previsões do mercado e elevar a taxa básica de juros novamente em 0,75 ponto percentual.
De acordo com economistas ouvidos pela Folha, os números do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados ontem não trouxeram surpresas que façam o BC mudar os rumos da política monetária.
Em abril, o BC aumentou a taxa Selic de 8,75% para 9,50% anuais e iniciou um novo ciclo de alta dos juros, o primeiro desde 2008. A expectativa dos economistas é de uma nova elevação hoje, para 10,25% ao ano.
O economista-chefe do BNP Paribas, Diego Donaggio, diz que os números do IBGE estão próximos do indicador calculado pelo BC para medir o nível de atividade e antecipar os dados do PIB.
O IBC-BR (Índice de Atividade do BC) divulgado no mês passado mostrou crescimento trimestral de 9,9% na comparação anual e de 2,4% sobre o trimestre anterior.
Para Donaggio, os dados e previsões de inflação continuam sendo a maior preocupação para o BC. Por isso, nem mesmo a recuperação dos investimentos deve mudar a decisão sobre os juros.
"As previsões de inflação melhoraram muito pouco, e o BC não pode diminuir ainda o ritmo de aperto monetário", afirmou.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, destaca a desaceleração do consumo e o aumento do investimento mostrados pelo IBGE, mas diz que isso não afeta as decisões do BC neste ano.
Gonçalves mantém a expectativa de que a Selic termine o ano em 11,75% e prevê crescimento perto de 7%.


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