São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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País lança ofensiva por indústria do chip

Governo diz que incentivos para atrair fabricantes de componentes eletrônicos serão mais generosos a partir de agora

Deficit da balança de componentes para chips e telas pode alcançar os US$ 10 bilhões neste ano, diz governo

Divulgação
Fábrica estatal para a produção de chips, inaugurada em fevereiro, em Porto Alegre (RS), aguarda instalação de equipamentos

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O governo brasileiro vai lançar nova ofensiva internacional para atrair a cadeia industrial do chip e das telas usadas em TVs, computadores e celulares. A importação desses itens bate recorde e revela a imensa dependência brasileira.
O governo estima que o deficit nesses produtos supere os US$ 10 bilhões neste ano. Só em chip, a conta deve ser de US$ 4 bilhões. Por isso, o governo decidiu agir.
As concessões do Brasil incluem "road shows" e a ampliação da oferta de desonerações, hoje restrita ao chip, para toda a cadeia, diz o coordenador de microeletrônica do Ministério da Ciência e Tecnologia, Henrique de Oliveira Miguel.
O pacote brasileiro foi montado em 2007. Inclui isenções de IPI, PIS e Cofins, além de reduções de até 88% no Imposto de Importação para projetos no polo industrial de Manaus.
Alguns dos benefícios também constam do programa criado pelo governo para trazer a indústria do chip e das telas ao país.
"O pacote brasileiro não é suficiente para atrair a indústria, estamos cientes disso. Hoje, o Brasil não tem condições de exigir nada. Estamos numa posição em que temos de fazer mais concessões", afirma Miguel.
O tamanho dessas concessões ainda não está totalmente dimensionado. O governo quer ouvir o setor industrial (investidores e fornecedores) para saber o que mais precisa ser feito para a construção dos elos de uma cadeia de componentes usados em vários produtos de consumo.
"O governo tem ações a realizar. Se você quer montar os elos dessa cadeia, é preciso ouvir os investidores e os fornecedores para viabilizar a vinda de todos ao país. Sem isso, teremos uma indústria que monta displays, mas é totalmente dependente de importação, e isso não é sustentável." O plano brasileiro prevê também exportações.
Além dos incentivos, o tamanho do mercado brasileiro (com TV digital, banda larga e o crescimento da demanda de televisores de LCD, notebooks e desktops) fez com que Samsung, Phillips e a chinesa H-Buster anunciassem fábricas de displays em Manaus. Há expectativas de que a CCE faça o mesmo.
Esse movimento da indústria agradou ao governo, mas ainda não atende ao objetivo final: criar uma cadeia de fornecedores de componentes para os fabricantes de equipamentos.
A questão estratégica não é apenas aliviar o crescente peso na balança comercial, mas também dar ao país condições próprias para ter independência na obtenção desses insumos.
"O jogo aí é mais pesado", diz Miguel. O Brasil não tem a pretensão de enfrentar a China nessa competição, mas acha que tem condições de enfrentar emergentes como o México, a Polônia ou o Vietnã -alguns dos países que aspiram atrair essa indústria.


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