São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Família Mammana tem cientistas militantes da microeletrônica

DE SÃO PAULO

Novembro de 1979. Carlos Mammana era o líder do LED (Laboratório de Eletrônica e Dispositivos) da Unicamp. Naquele mês, o grupo obteve um feito: criou o primeiro circuito integrado no Brasil.
O "Jornal de Hoje", publicação da época, estampou a manchete: "Conseguimos!". Para decifrar o intento, estampou uma foto inusitada: um microdispositivo ampliado por um microscópio onde repousava, assombrosa, a perna de uma mosca. A comparação era tosca, mas eficiente.
O Brasil havia chegado a um seleto grupo mundial. Pena que 30 anos depois, o Brasil ainda seja tão dependente quanto antes.
Não por falta de empenho de cientistas como Carlos Mammana e a mulher, a pesquisadora Alaide Pellegrini Mammana. O país não tem uma indústria de displays e de semicondutores, mas teve, desde sempre, uma ciência. É ela que permite ao país dar agora passos para fundar uma indústria.
Primeiro na Unicamp, depois no CTI -ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia-, onde Carlos e Alaide, junto com outros pesquisadores, enfrentaram os soluços da política de apoio nas décadas de 80 e 90.
O esforço brasileiro, que tenta dar o passo derradeiro para fundar a cadeia industrial no país, segue agora com um dos membros da nova geração: Victor Mammana -filho de Carlos e Alaide.
Victor Mammana é chefe da divisão de displays do CTI e coordenador técnico para displays da política industrial. "Discordo dos meus pais. Eles observam o que o setor poderia ter sido se o país tivesse apostado. Olho agora, o que podemos fazer com o que foi construído até aqui", diz.
Carlos encara o desafio com certa reserva. "Cada nova geração nessa indústria custa US$ 10 bilhões. Para um país que ficou fora desse ambiente, é um esforço monumental", diz.
Alaide, que coordenou as pesquisas em mostradores no CTI e hoje é membro de uma organização mundial formada por fabricantes de displays, recorda o esforço que fez para montar uma fábrica de cristal líquido aqui.
"Não foi o único problema, mas tivemos dificuldade em adquirir, por exemplo, a cola usada na montagem do dispositivo", lembra. A cola, segundo o filho Victor, continua a ser um item crítico para a montagem dos displays.
É a construção dessa cadeia, que envolve de partes sofisticadas a itens prosaicos como a cola, o grande desafio do país agora. (AB)


Texto Anterior: Estatal do chip de R$ 500 mi está parada
Próximo Texto: Brasil recua para 58º em ranking de competitividade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.