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Família Mammana tem cientistas militantes da microeletrônica
DE SÃO PAULO
Novembro de 1979. Carlos
Mammana era o líder do LED
(Laboratório de Eletrônica e
Dispositivos) da Unicamp.
Naquele mês, o grupo obteve
um feito: criou o primeiro circuito integrado no Brasil.
O "Jornal de Hoje", publicação da época, estampou a
manchete: "Conseguimos!".
Para decifrar o intento, estampou uma foto inusitada:
um microdispositivo ampliado por um microscópio onde
repousava, assombrosa, a
perna de uma mosca. A comparação era tosca, mas eficiente.
O Brasil havia chegado a
um seleto grupo mundial.
Pena que 30 anos depois, o
Brasil ainda seja tão dependente quanto antes.
Não por falta de empenho
de cientistas como Carlos
Mammana e a mulher, a pesquisadora Alaide Pellegrini
Mammana. O país não tem
uma indústria de displays e
de semicondutores, mas teve, desde sempre, uma ciência. É ela que permite ao país
dar agora passos para fundar
uma indústria.
Primeiro na Unicamp, depois no CTI -ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia-, onde Carlos e Alaide,
junto com outros pesquisadores, enfrentaram os soluços da política de apoio nas
décadas de 80 e 90.
O esforço brasileiro, que
tenta dar o passo derradeiro
para fundar a cadeia industrial no país, segue agora
com um dos membros da nova geração: Victor Mammana
-filho de Carlos e Alaide.
Victor Mammana é chefe
da divisão de displays do CTI
e coordenador técnico para
displays da política industrial. "Discordo dos meus
pais. Eles observam o que o
setor poderia ter sido se o
país tivesse apostado. Olho
agora, o que podemos fazer
com o que foi construído até
aqui", diz.
Carlos encara o desafio
com certa reserva. "Cada nova geração nessa indústria
custa US$ 10 bilhões. Para
um país que ficou fora desse
ambiente, é um esforço monumental", diz.
Alaide, que coordenou as
pesquisas em mostradores
no CTI e hoje é membro de
uma organização mundial
formada por fabricantes de
displays, recorda o esforço
que fez para montar uma fábrica de cristal líquido aqui.
"Não foi o único problema,
mas tivemos dificuldade em
adquirir, por exemplo, a cola
usada na montagem do dispositivo", lembra. A cola, segundo o filho Victor, continua a ser um item crítico para
a montagem dos displays.
É a construção dessa cadeia, que envolve de partes
sofisticadas a itens prosaicos
como a cola, o grande desafio
do país agora.
(AB)
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