São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

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FMI refuta pressionar China e prega acordo entre países

Pressão para os chineses valorizar moeda marca encontro do Fundo em Washington, que não chega a consenso sobre câmbio

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Em vez de propor um roteiro de medidas para lidar com o problema, o FMI (Fundo Monetário Internacional) adotou um discurso de contenção e se limitou a exortar seus membros a buscarem uma solução cooperativa para os desequilíbrios globais.
O FMI teme que as discussões em torno de câmbio, demanda, consumo e ajuste fiscal culminem em ações individuais ao invés de coletivas. Por isso, enfatizou a necessidade de medidas tanto chinesas quanto americanas.
"A questão da moeda vai ser uma consequência do reequilíbrio da economia", afirmou o diretor-gerente do fundo, Dominique Strauss-Khan, ao ser indagado pela Folha sobre medidas que devem ser tomadas para evitar que o discurso caia no vazio.
"Espero que o progresso dessa ideia [de cooperação] seja forte o suficiente para evitar confrontos, e que possamos chegar a uma solução em que todos ganhem."
A discussão sobre como lidar com o câmbio ante um dólar e um yuan baixos domina a reunião do FMI. China e EUA trocam acusações sobre a responsabilidade pelos desequilíbrios globais.
Mais cedo, Anoop Singh, diretor do FMI, dissera que a solução para o dilema atual do câmbio não viria da pressão sobre a China, como têm insistido os EUA. "Isso precisa ser parte de um pacote, e os chineses têm essa percepção. O que há são discordâncias sobre "timing'", afirmou.
O Brasil têm insistido na parcela americana de culpa, embora cite a necessidade de correção cambial chinesa.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) defendeu no Comitê Monetário e Financeiro Internacional que países avançados retomem medidas de estímulo fiscal para resolver o desequilíbrio cambial internacional -alusão à Europa, mas, sobretudo, aos EUA.
"Para os países avançados que podem, cortes nos gastos públicos e de impostos devem ser adiados até que a recuperação se firme", disse.
Em eco, a China criticou "políticas monetárias não convencionais" e taxas de câmbio baixas no mundo.
O secretário do Tesouro americano, Tim Geithner, rebateu ao recriminar "países avançados relutantes à expansão fiscal que lhes permitiria recorrer menos a políticas monetárias frouxas".


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