São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Importações agravam as contas externas

DO ENVIADO AO RIO
DO RIO


Impulsionadas pela queda do dólar, as importações se aceleram com força e frearam a economia brasileira, "retirando" do PIB 0,7 ponto percentual de crescimento do segundo para o terceiro trimestre. Ou seja, sem esse efeito negativo, a alta chegaria a 1,2%, e não a 0,5% de julho e setembro na comparação livre de efeitos sazonais, segundo cálculos da LCA Consultores.
Tal cenário agravou ainda mais o desequilíbrio das contas externas do país, que precisou se financiar em R$ 24 bilhões no exterior no terceiro trimestre, já que houve pior saldo da balança de bens e serviços -negativa em R$ 12 bilhões.
A necessidade de financiamento no exterior dobrou em relação ao terceiro trimestre de 2009. Pelos dados do PIB, as importações tiveram aumento recorde de 40,9% ante esse período. Como as exportações subiram menos (11,3%) e as importações entram com sinal negativo por refletirem a produção feita no exterior, o crescimento econômico foi contido.
Para Bráulio Borges, economista da LCA, o fraco desempenho "das economias centrais" faz esses países buscarem mercados em expansão, como o brasileiro -o que explica, ao lado do câmbio, a alta das importações.
Bernardo Wjuniski, da Tendências, diz que o consumo aquecido elevou as importações. "A indústria nacional sozinha não consegue suprir a demanda. Há mais uma complementação que uma substituição [de produção local por importada]."
Segundo Borges, a indústria perdeu fôlego por conta do crescimento de importações, barateadas pelo câmbio. Também pesou na retração do setor a redução de estoques.
Tal tendência afetou, diz, ramos como siderurgia, automóveis e eletroeletrônicos, que tiveram dificuldade de ampliar exportações devido ao ambiente de contração e à menor demanda mundial.
"A indústria vem sentindo a força das importações. O mercado de trabalho, por isso, pode ficar mais fraco", prevê o economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ e da Opus Gestão de Recursos.
Para o PIB do quarto trimestre, a expectativa, diz Wjuniski, é de uma retomada da indústria, após o ajuste de estoques e o menor nível de importações no final deste ano. (FCZ e PS)


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