São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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ANÁLISE RESULTADO DO 3º TRI

Indústria deverá limitar aceleração do PIB

Já se vislumbra uma retomada do crescimento, mas não deveremos retomar os "pibões" anteriores ao 3º tri


CONSUMO DEVE CAIR, E INDÚSTRIA SE MANTERÁ PREMIDA PELOS CONCORRENTES

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não foi uma surpresa a clara diminuição do ritmo de crescimento do PIB na passagem do segundo para o terceiro trimestre.
A desaceleração -de 1,8% para 0,5% (o que corresponde a apenas 2% ao ano)- foi puxada pela indústria, cujo PIB passou de uma expansão de 2% para uma queda de 1,3% no período. Essa retração parece ter sido provocada sobretudo por três fatores.
O primeiro é um recuo do PIB da construção civil, que vinha em forte expansão e foi impactado pela desaceleração brusca do investimento público, associada à legislação eleitoral, que coíbe gastos a partir do final do primeiro semestre nos anos em que há eleições.
O segundo fator é uma marcante redução de estoques em segmentos industriais que vinham superestimando o dinamismo das suas vendas, como os produtores de vários bens de consumo duráveis e de aço.
A terceira explicação é mais um aumento da participação dos importados no mercado brasileiro de produtos manufaturados -movimento que deve ter contribuído para a frustração de vendas na indústria.
A LCA estima que a participação dos importados nas vendas domésticas de manufaturados se situava em 15% no início do ano e que tenha saltado de 18% para 20% de junho para setembro.
A nota positiva na divulgação da nova leitura do PIB foi a confirmação de que o investimento seguiu em alta bastante expressiva, embora, por causa da construção civil, ligeiramente inferior àquela apurada no segundo trimestre: 3,9%, ante 4,3%.
Com isso, estimamos que a taxa de investimento (isto é, o quociente investimento/ PIB) tenha chegado a 19,7%, percentual um pouco maior do que o no trimestre que antecedeu o agravamento da crise financeira global (o terceiro trimestre de 2008) e o mais alto desde que a atual metodologia de cálculo do PIB foi adotada, em 1995.
Vislumbra-se, já a partir deste quarto trimestre, uma reaceleração do PIB. Porém, será moderada. Não deveremos repetir o "pibinho" do terceiro trimestre, nem retomar "pibões" precedentes.
A política econômica vem tomando medidas (e sinalizando outras) que deverão limitar o ímpeto do consumo.
E a indústria seguirá premida pelos concorrentes externos - tanto no mercado brasileiro como no exterior.


FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores


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