São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crescimento fica abaixo dos PIBs de China e Índia

Mantega festeja avanço superior ao indiano, mas país asiático tem ritmo melhor

Com raras exceções, o terceiro trimestre foi caracterizado por forte desaceleração das economias emergentes


ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Apesar de o ministro Guido Mantega (Fazenda) ter festejado o crescimento do PIB, o país não deve fechar o ano com expansão superior à da Índia -repetindo o cenário dos últimos 20 anos.
Os dados da Índia são sempre de difícil comparação porque o país tem um ano fiscal diferente (vai de abril de um ano a março do seguinte), mas os resultados do PIB (Produto Interno Bruto) até agora e as previsões de organismos internacionais apontam que o Brasil vai continuar a se expandir em ritmo inferior ao da nação asiática.
O próprio resultado do PIB do terceiro trimestre aponta para a diferença entre as duas economias: enquanto o Brasil se desacelerou de 9,2% para 6,7%, a economia indiana se manteve no mesmo ritmo (8,9%) -sempre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, que é a única comparação feita pelos indianos.
De janeiro a abril, a economia brasileira avançou 9,3%, 0,7 ponto percentual mais que a da Índia.
Além disso, a previsão do BC e do governo indianos é que a economia manterá o ritmo forte neste trimestre.
Outro indicador de que a previsão de Mantega não vai se confirmar são as recentes previsões de entidades multilaterais.
Tanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) trabalham com cenários em que a economia indiana vai ter expansão superior a 9%, enquanto o avanço da economia brasileira deve ficar em torno de 7,5%.
A última vez que o PIB brasileiro teve resultado superior ao indiano foi em 1986, na época do Plano Cruzado, no início do governo José Sarney.
O crescimento brasileiro não deve só ficar abaixo dos da Índia e da China (principal motor da economia global atualmente).
Países pequenos como Cingapura, Taiwan e até mesmo o Peru devem registrar avanço superior ao brasileiro.

TERCEIRO TRIMESTRE
Os resultados do terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores mostram que, com raras exceções, as economias dos mercados emergentes sofreram fortes desacelerações.
Na Ásia, economias como Coreia do Sul e Hong Kong diminuíram pela metade o seu ritmo de expansão.
A Austrália, que teve aumento de 1,1% no PIB entre abril e junho, viu a velocidade de avanço ser reduzida para 0,2% nos três meses seguintes.
Os países ricos tiveram diferentes cenários. Os Estados Unidos e o Japão conseguiram crescer mais que no segundo trimestre (ainda que em um ritmo insuficiente para recuperar as perdas com a crise econômica), enquanto os europeus, de modo geral, avançaram menos do que de abril a junho.


Texto Anterior: Para a indústria, é preciso conter os importados
Próximo Texto: Saiba mais: Revisão de 2009 eleva estimativa de alta para 2010
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.