São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Corretoras dos EUA levam transações especulativas à China

Empresas norte-americanas e canadenses contratam jovens asiáticos para "day trade"

DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES", EM PEQUIM

Antes que soasse o sino de abertura do pregão na Bolsa de Nova York, certa terça-feira recente, um grupo de universitários recém-formados bateu o ponto em uma pequena operadora de valores no subúrbio de Pequim.
Foram contratados para realizar transações de ações em alta velocidade com algumas das mais poderosas casas de investimento de Nova York, Londres e Tóquio, e suas instruções eram que se mantivessem alertas.
"O mercado pode estar instável hoje", gritou King Chan, gerente-geral da Lazer Trade, ao instruir o grupo no começo do dia. "Cuidado na abertura. Não assumam riscos idiotas."
A corretora de "day trade" (operações de compra e venda de ativos realizadas no mesmo dia) de Chan é uma das muitas que surgiram nas cidades chinesas nos últimos anos.
Companhias financeiras dos EUA e do Canadá contratam trabalhadores de baixos salários na China e os ensinam a realizar transações especulativas. Isso significa compras e vendas repetidas de ações cotadas na Bolsa de Nova York e na Nasdaq, com a esperança de realizar lucros rápidos.
Estimativas do setor indicam que até 10 mil pessoas na China possam estar envolvidas em transações especulativas de curto prazo com ações americanas -a maioria homens jovens e agressivos que trabalham durante a noite e a madrugada chinesas, das 21h30 às 4h, e muitas vezes negociam dezenas de milhares de ações a cada dia.
"Os grupos de "day trade" explodiram na China", diz Stephen Ehrlich, presidente-executivo da LightSpeed Financial, companhia de Nova York que vende software para transações financeiras a empresas chinesas.
A China proíbe que seus cidadãos usem moeda nacional para comprar ou vender ações de empresas cotadas em Bolsas de Valores estrangeiras, ainda que não pare- ça haver proibição para negociar ações em nome de conta operada por entidade estrangeira.

BAIXO CUSTO
Algumas das empresas afirmam poder lucrar com as operações chinesas de "day trade" por meio de uma combinação de custos fixos baixos, descontos nas taxas e demanda acumulada por mais opções de investimento, de parte da elite chinesa.
Jovens chineses são contratados como operadores muitas vezes sem salário fixo e apenas com a promessa de comissão sobre os lucros.
Peter Beck, fundador da Swift Trade, empresa canadense que tem 1.500 operadores na China, disse que sua empresa estava florescendo e que recebia uma parcela dos lucros das transações.
A empresa encorajou alguns operadores a se mudar para a China e abrir companhias de "day trade" afiliada à Swift.
Um dos operadores que aceitaram esse risco foi King Chan, 25, cidadão norte-americano que deixou um emprego no JPMorgan, em Nova York, em 2009 para gerenciar a Lazer Trade.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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