São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Bolsa de NY sofre 6ª semana de queda

Período é o mais longo de retração desde 2002 e já zera ganhos do início do ano; desaceleração dos EUA preocupa

No Brasil, Bovespa também sofre com incerteza sobre recuperação mundial e recua 9,5% em 2011


ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Nem no auge da crise, em 2008, a Bolsa de Valores de Nova York teve um período tão longo de queda.
O índice Dow Jones, o mais importante do mercado americano, fechou ontem com queda de 1,4% e pela sexta semana consecutiva terminou em retração -algo que não ocorria desde 2002.
Desde o fim de abril, o índice (formado por 30 grandes empresas, como Coca-Cola, ExxonMobil e McDonald's) já recuou 6,7% e está muito perto de zerar os ganhos obtidos no começo do ano, quando os investidores pareciam mais entusiasmados com os rumos da economia americana e mundial.
Nas últimas sete semanas, os investidores já retiraram US$ 5,8 bilhões dos fundos americanos, US$ 2,1 bilhões apenas na semana encerrada na quarta-feira -o pior resultado em dez meses.
No período agudo da crise global, especialmente em setembro e outubro de 2008, a Bolsa americana tinha semanas com quedas mais profundas, mas que eram seguidas por períodos de euforia, em que ela recuperava parte das perdas.
Os números mostram que a preocupação com a economia global voltou a crescer. E a euforia que levou o Dow Jones a acumular alta de 11% parece ter ficado para trás.
A verdade é que os dados da economia americana são preocupantes.
O desemprego continua elevado (9,1%) e não parece ceder, o mercado imobiliário, considerado fundamental para a consolidação, só afunda e o PIB do primeiro trimestre teve um avanço muito fraco, 1,8%.
A ajuda do Fed (o banco central americano) de US$ 600 bilhões em compra de títulos do Tesouro dos EUA deve se encerrar no final deste mês e, ainda que seus méritos sejam questionados, não parece ter nada no horizonte que possa estimular a economia.
Mesmo setores que começam a se recuperar não têm traduzido a melhora em contratações, o que provoca ainda mais pessimismo entre os americanos.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, já descartou uma nova rodada de estímulo e os juros permanecem baixíssimos (próximos de zero por cento), com uma inflação que vem subindo puxada pela alta dos preços dos alimentos e de energia.
Mas não é só a economia dos Estados Unidos que preocupa. O endividamento de países europeus como Grécia, Irlanda e Portugal também tem deixado os investidores cautelosos.
O temor é que esses países acabem dando calote, precisando ser resgatados pelas grandes economias da região, como a Alemanha e a França.
Se isso ocorrer, a Europa (que como bloco tem um PIB maior que o dos EUA) pode afundar novamente em recessão, e as consequências para a economia global são incertas.

BOVESPA
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo teve queda ontem de 1,2% e se desvalorizou em 2,6% na semana, após duas semanas de recuperação.
Em 2011, a retração acumulada já atingiu 9,5%.
Como nos Estados Unidos, a Bolsa brasileira também sofre com as dúvidas sobre a recuperação da economia mundial.


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