São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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Exportação de biquíni brasileiro cai 83%

Crise em países desenvolvidos e alta do real diminuem vendas externas e forçam entrada de produtores no varejo

Volume exportado recuou de 3,6 milhões de peças em 2005 para 614,4 mil unidades no total do ano passado

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

O nome Acqua Brasil foi cuidadosamente pensado para chegar ao coração das italianas em um assunto em que a especialidade brasileira é incontestável: biquínis.
Inventados pelos franceses, são sinônimo de ousadia, criatividade e modelagem minúscula, quando fabricados por aqui.
A aposta em exportar essa fórmula feita por Marcelo Chuairi, criador da marca, e dezenas de outros produtores de Cabo Frio (RJ) vem esbarrando, de 2008 para cá, em duas questões que passam longe do glamour da moda praia brasileira.
As crises nos EUA e na Europa esfriaram a demanda, e a valorização do real tornou o maiô de duas peças mais caro no exterior.
"Investimos para conseguir que nossas peças tivessem qualidade internacional. Hoje, ninguém mais exporta aqui em Cabo Frio. Quem voltou a focar as vendas para turistas no varejo na hora certa sobreviveu. Quem não fez isso fechou as portas", diz o empresário.
Nos tempos de vendas externas aquecidas, a Acqua Brasil chegou a produzir 100 mil peças por ano. Hoje, fabrica entre 20 mil e 30 mil unidades anualmente.

LOJAS
O presidente da Acirb (Associação Comercial da Rua dos Biquínis), de Cabo Frio, Sílvio César Rodrigues, calcula que a queda nas vendas foi de 30% nos últimos três anos. "A nossa saída para sobreviver foi a abertura de lojas", diz Rodrigues, dono da marca Toccare.
Histórias como as de Chuairi e Rodrigues ajudam a entender os números da balança comercial do setor.
Neste ano, até julho, foram exportados 480,8 mil maiôs e biquínis. Em 2010, 614,4 mil peças. Números muito inferiores aos 3,6 milhões de unidades compradas por outros países em 2005, auge das vendas externas.
Em valores, o movimento é parecido: as exportações do produto somaram US$ 19,8 milhões em 2005, montante que caiu para US$ 7,4 milhões em 2010. Até julho deste ano, foram US$ 6 milhões em produtos vendidos ao exterior.
"Quando houve a crise imobiliária americana, a exportação já caiu. Depois, países da Europa, como Espanha e Itália, também começaram a sofrer. E agora nova crise nos Estados Unidos", afirma Rodrigues.
As vendas para os EUA caíram de 1,2 milhão de peças em 2005 para 147,3 mil unidades neste ano, até julho.


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