São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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BC sabia de rombo em banco desde agosto

Fraude contábil em banco de Silvio Santos foi descoberta em fiscalização de rotina durante a campanha eleitoral

CEF, que comprou 49% do PanAmericano em 2009, disse que não se responsabilizaria; resgate custou R$ 2,5 bi

SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A fraude contábil no balanço do Banco PanAmericano foi encontrada em uma fiscalização de rotina do BC no final de agosto, que avaliava as vendas de carteiras de crédito feitas na crise.
O BC diz que as irregularidades não foram detectadas antes porque nunca havia sido feita uma fiscalização mais detalhada, em nenhum banco, sobre a contabilização de compra e venda de carteiras de crédito.
Ainda segundo a instituição, foi somente por causa do aumento na quantidade desse tipo de operação, realizada no mercado de 2008 para cá, que uma supervisão mais detalhada passou a ser feita.
O BC descobriu que o banco continuava contabilizando créditos já vendidos para outras instituições e as receitas geradas por elas. O Grupo Silvio Santos, controlador do banco, e demais sócios foram convocados para reunião com a fiscalização do BC em meados de setembro.
Também em setembro, no dia 22, Silvio Santos foi recebido pelo presidente Lula -a reunião seria para tratar do Teleton. Ontem, na África, Lula negou que tenha conversado sobre o banco.
"Não é assunto do presidente da República. O presidente não empresta dinheiro, não faz negócios com bancos e não fiscaliza bancos. Isso quem faz é o BC."
O banco estava com patrimônio negativo e precisava de R$ 2,5 bilhões. A Caixa, que comprara 49% do controle do PanAmericano em 2009, disse que não se responsabilizaria. O Grupo Silvio Santos assumiu a perda.
Em 11 de outubro, começaram as conversas de Silvio com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O negócio foi levado ao BC na semana passada e revelado anteontem.

COLARINHO BRANCO
O BC investiga agora se há indício de crime, com base na Lei do Colarinho Branco. Os responsáveis pelo problema também podem ser punidos administrativamente.
O erro na contabilidade pode ter sido deliberado, com objetivo de favorecer os responsáveis com o pagamento de dividendos e bônus por desempenho.
O BC diz que não houve uso de recursos públicos e que se tratou de uma negociação privada entre FGC e Grupo Silvio Santos. Diz ainda que não havia detectado o problema quando aprovou a venda de parte do banco para a Caixa, em julho.
O BC estima que a perda para o FGC seria em torno de R$ 2,2 bilhões se o PanAmericano quebrasse. Além disso, haveria risco de pânico com outros bancos. O BC não detectou irregularidades em outras instituições.


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