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BC sabia de rombo em banco desde agosto
Fraude contábil em banco de Silvio Santos foi descoberta em fiscalização de rotina durante a campanha eleitoral
CEF, que comprou 49% do PanAmericano em 2009, disse que não
se responsabilizaria;
resgate custou R$ 2,5 bi
SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
A fraude contábil no balanço do Banco PanAmericano foi encontrada em uma
fiscalização de rotina do BC
no final de agosto, que avaliava as vendas de carteiras
de crédito feitas na crise.
O BC diz que as irregularidades não foram detectadas
antes porque nunca havia sido feita uma fiscalização
mais detalhada, em nenhum
banco, sobre a contabilização de compra e venda de
carteiras de crédito.
Ainda segundo a instituição, foi somente por causa do
aumento na quantidade desse tipo de operação, realizada no mercado de 2008 para
cá, que uma supervisão mais
detalhada passou a ser feita.
O BC descobriu que o banco continuava contabilizando créditos já vendidos para
outras instituições e as receitas geradas por elas. O Grupo
Silvio Santos, controlador do
banco, e demais sócios foram
convocados para reunião
com a fiscalização do BC em
meados de setembro.
Também em setembro, no
dia 22, Silvio Santos foi recebido pelo presidente Lula -a
reunião seria para tratar do
Teleton. Ontem, na África,
Lula negou que tenha conversado sobre o banco.
"Não é assunto do presidente da República. O presidente não empresta dinheiro, não faz negócios com
bancos e não fiscaliza bancos. Isso quem faz é o BC."
O banco estava com patrimônio negativo e precisava
de R$ 2,5 bilhões. A Caixa,
que comprara 49% do controle do PanAmericano em
2009, disse que não se responsabilizaria. O Grupo Silvio Santos assumiu a perda.
Em 11 de outubro, começaram as conversas de Silvio
com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O negócio foi
levado ao BC na semana passada e revelado anteontem.
COLARINHO BRANCO
O BC investiga agora se há
indício de crime, com base
na Lei do Colarinho Branco.
Os responsáveis pelo problema também podem ser punidos administrativamente.
O erro na contabilidade
pode ter sido deliberado,
com objetivo de favorecer os
responsáveis com o pagamento de dividendos e bônus
por desempenho.
O BC diz que não houve
uso de recursos públicos e
que se tratou de uma negociação privada entre FGC e
Grupo Silvio Santos. Diz ainda que não havia detectado o
problema quando aprovou a
venda de parte do banco para
a Caixa, em julho.
O BC estima que a perda
para o FGC seria em torno de
R$ 2,2 bilhões se o PanAmericano quebrasse. Além disso,
haveria risco de pânico com
outros bancos. O BC não detectou irregularidades em
outras instituições.
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