São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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commodities

Disputa em leilão rende desconto de 31%

Deságio na receita aceito pelas empresas do setor elétrico na licitação vai diminuir custos para o consumidor final

Investimento total em linhas de transmissão e subestações chegará a R$ 708 milhões e deverá gerar 3.400 empregos

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

As companhias estatais dominaram o leilão de transmissão de energia realizado ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), na BM&FBovespa.
Duas subsidiárias da Eletrobras (Chesf e Eletrosul) e a Copel (Companhia Paranaense de Energia) -a grande surpresa do leilão- ajudaram a ampliar o deságio médio final (ou desconto na remuneração) para 31,57%.
Com o leilão, as empresas que construirão as quatro linhas de transmissão e as 11 subestações espalhadas por sete Estados brasileiros investirão R$ 708 milhões. A expectativa é que 3.400 empregos sejam gerados.
O deságio reduzirá o custo tarifário que irá para a conta de luz dos consumidores nos próximos anos.
Os leilões de transmissão são importantes à medida que a demanda nacional por energia cresce. Servem para expandir a rede de transmissão que leva a energia da usina aos consumidores residenciais, comerciais e industriais espalhados pelo país.
Os projetos leiloados ontem terão duas funções: melhorar a distribuição em regiões onde há crescimento de demanda e permitir que a energia que será produzida no rio Madeira (nas usinas de Jirau e Santo Antônio) alcance o Estado de São Paulo.

CUSTOS
A rede que interliga as usinas do rio Madeira e a cidade de Araraquara (SP) já havia sido licitada. Faltava o trecho licitado ontem, entre Araraquara e Taubaté (também em SP) e arrematado pela Copel.
Pela regra da Aneel, os 19 grupos habilitados disputaram os projetos a partir da oferta de deságios (descontos) sobre a receita máxima fixada pela agência reguladora. Venceu quem aceitou receber menos por ano -os descontos variaram de 0,96% a 51%.
Esse modelo reduziu em R$ 26,57 milhões o custo anual que será repassado na conta de luz dos consumidores beneficiados pelos investimentos. De R$ 84,18 milhões de receita inicial, o valor, após o leilão, caiu para R$ 57,60 milhões.
Os grupos terão agora 24 meses para concluir a construção das linhas de transmissão (com torres e cabos) e as subestações.

COMPETIÇÃO
Nelson Hubner, diretor-geral da Aneel, disse que o leilão foi um "sucesso" em razão da forte competição entre empresas estrangeiras e nacionais e entre estatais e companhias privadas.
Sobre a ofensiva estatal, Hubner disse que as regras foram iguais para todos.
"O atual modelo do setor vale para todos. Desde 2003, a disputa entre empresas privadas e estatais ajudou a reduzir as tarifas. Isso é bom."
Nem todos saíram do leilão com a mesma percepção. Enio Luigi Nucci, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Alupar, companhia que ganhou um dos cinco lotes que disputou, disse que a avaliação feita pelas estatais difere daquelas feitas pelas companhias privadas.
"O setor privado pensa esses projetos como um negócio. O governo tem outro foco, por isso consegue fazer ofertas mais competitivas."


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