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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS
Mais econômico e renovável, etanol conquista os consumidores brasileiros
MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Que posição de conforto
tem o Brasil, que, neste momento de preços elevados do
petróleo, de crescente demanda mundial por energia
elétrica e por sustentabilidade, está sentado confortavelmente sobre um combustível
renovável -o etanol produzido da cana-de-açúcar.
Vejam o caso do petróleo:
a China consumia, em 2000,
4,8 milhões de barris de petróleo por dia, passando para
8,5 milhões em 2010.
A média de consumo nos
Estados Unidos é de 22 barris
por pessoa por ano, e na China ainda está em 2,2 barris
por habitante.
A frota chinesa aumentou
em quase 10 milhões de carros no ano passado.
Aonde vamos chegar com
essa fúria chinesa?
O Brasil sobra em sustentabilidade nessa área. Somente 1% dos combustíveis
usados no mundo são de fonte renovável. Desse 1%, o etanol é responsável por 90%.
A produção mundial saltou de 31 bilhões de litros em
2000 para 85 bilhões em
2010, puxada principalmente pelos Estados Unidos.
Usando o milho como fonte, os americanos aumentaram sua produção em 25 bilhões de litros nos últimos
dez anos; o Brasil aumentou
sua produção em 15 bilhões
de litros em dez anos. Os dois
países respondem por 90%
da produção mundial.
A produção no Brasil é de
18 bilhões de litros de álcool
hidratado e 8 bilhões de álcool anidro (adicionado à gasolina na proporção de 25%).
Em dez anos, fomos de 7
bilhões para 18 bilhões de litros no hidratado; o anidro
manteve-se em 6 bilhões de
litros. A expectativa para
2020 é de 65 bilhões de litros.
E o sucesso vem de onde?
Do carro flex, que transferiu
o poder da decisão ao consumidor. Introduzido em 2003,
a frota flex deve chegar ao final deste ano com 12 milhões
de veículos -aumento de 7
milhões em quatro anos.
A frota total brasileira é de
25 milhões de unidades, crescendo 15,1% em 2009 (90%
de carros flex). Em 2008, 35%
da frota no Brasil era de veículos flex.
Em 2015, estima-se que a
frota de carros flex esteja em
65% do total no Brasil, e o
etanol representará 80% do
consumo de combustível em
veículos leves, ante 20% da
gasolina.
Reconhecido pela agencia
ambiental norte-americana
por diminuir em 61% as
emissões de CO2 em comparação com veículos movidos
a gasolina, os carros flex evitaram, desde 2003, 83 milhões de toneladas de CO2 na
atmosfera. E você, quanto
ganhou com isso?
Termino com esta curiosidade ao leitor. Em casa, gastam-se 100 litros de etanol
por semana. São 5.200 litros
por ano, que, ao preço médio
de R$ 1,30, representam gasto de R$ 6.760.
Se usasse gasolina, precisaria de 3.650 litros, a R$ 2,50
cada um, gastando R$ 9.125.
Então, meu ganho financeiro
anual com o uso do etanol é
de R$ 2.300, fora os benefícios ambientais, tributários e
a geração de empregos.
E o mundo reconheceu
nosso etanol. Era evidente, e
questão de tempo apenas!
MARCOS FAVA NEVES é professor titular
de planejamento na FEA/USP, Campus de
Ribeirão Preto.
www.favaneves.org
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