São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Resorts perdem com real forte e cruzeiros baratos

Diárias comercializadas recuam e não acompanham crescimento do PIB e poder de consumo da classe C

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A euforia econômica vivida no país no primeiro trimestre do ano passou longe das piscinas dos resorts brasileiros. Esmagado pelo real forte e pela concorrência dos cruzeiros, o segmento recuou 0,8% em venda de diárias no trimestre, na comparação com igual período de 2009. Neste intervalo de tempo, o PIB nacional avançou 9%.
Entre janeiro e março de 2010 foram vendidas 273.614 diárias de apartamentos nos 45 estabelecimentos ligados à associação Resorts Brasil, 2.000 a menos do que no primeiro trimestre de 2009.
É um desempenho especialmente ruim porque ocorre sobre base de comparação fraca, já que o começo de 2009 foi o auge da crise. Há três verões os níveis de ocupação estão estáveis.
Com o dólar na faixa de R$ 1,85 e o euro nos R$ 2,30, as classes A e B, público-alvo dos resorts, optam por viajar para fora do país.
"Este é nosso real concorrente", diz Rubens Régis, presidente da Resorts Brasil e do resort Costão do Santinho, em Santa Catarina.
A conta para entender esse cenário é simples. Os R$ 2 mil ou R$ 3 mil cobrados por sete diárias no resort, mais passagens, saindo de São Paulo, equivalem a quatro noites de estada em Roma, Londres ou Paris, mais passagens.
Entre janeiro e março, brasileiros gastaram US$ 3,3 bilhões no exterior, um aumento de 75% em relação ao ano passado, de acordo com dados do Banco Central.
"A crise fez o brasileiro represar o desejo de ir para fora, e ele o realiza agora", diz Régis. Ao mesmo tempo, o câmbio forte encarece a viagem do turista estrangeiro para o Brasil -os gastos deles aqui cresceram só 16%, fechando em US$ 1,4 bilhão.
Nem o aumento do poder de consumo da classe C ajuda os resorts. "Eles não sonham com resorts, mas com cruzeiros", diz Orlando Giglio, presidente da Iberostar, empresa que tem 1.160 quartos no litoral norte baiano.
Os cruzeiros, fontes de eterna reclamação dos resorts, estão mais baratos devido ao dólar em queda e ao excesso de navios disponíveis para os turistas.
"Há cinco anos, cruzeiros representavam 5% do total da oferta de quartos, quando somados aos de resorts. Hoje, representam 40%", diz Diogo Canteras, diretor da consultoria HVS no Brasil.
Para os resorts, a saída é atrair congressos. Com a estratégia, Régis diz ter revertido, em março e abril, a queda no número de hóspedes no Costão do Santinho.
A Iberostar fez caminho semelhante. "Em 2007, estrangeiros lotavam 85% dos quartos. Mas isso mudou e fomos atrás de brasileiros. Ampliamos o centro de convenções, que traz hoje 30% das reservas", diz Giglio, que afirma ter crescido, desta forma, 10% no trimestre.


Texto Anterior: Fazenda quer teto de 12% para juros
Próximo Texto: Crise faz resorts investirem em gestão e serviço
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.