|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Resorts perdem com real forte e cruzeiros baratos
Diárias comercializadas recuam e não acompanham crescimento do PIB e poder de consumo da classe C
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A euforia econômica vivida no país no primeiro trimestre do ano passou longe
das piscinas dos resorts brasileiros. Esmagado pelo real
forte e pela concorrência dos
cruzeiros, o segmento recuou
0,8% em venda de diárias no
trimestre, na comparação
com igual período de 2009.
Neste intervalo de tempo, o
PIB nacional avançou 9%.
Entre janeiro e março de
2010 foram vendidas 273.614
diárias de apartamentos nos
45 estabelecimentos ligados
à associação Resorts Brasil,
2.000 a menos do que no primeiro trimestre de 2009.
É um desempenho especialmente ruim porque ocorre sobre base de comparação
fraca, já que o começo de
2009 foi o auge da crise. Há
três verões os níveis de ocupação estão estáveis.
Com o dólar na faixa de R$
1,85 e o euro nos R$ 2,30, as
classes A e B, público-alvo
dos resorts, optam por viajar
para fora do país.
"Este é nosso real concorrente", diz Rubens Régis,
presidente da Resorts Brasil e
do resort Costão do Santinho, em Santa Catarina.
A conta para entender esse
cenário é simples. Os R$ 2 mil
ou R$ 3 mil cobrados por sete
diárias no resort, mais passagens, saindo de São Paulo,
equivalem a quatro noites de
estada em Roma, Londres ou
Paris, mais passagens.
Entre janeiro e março, brasileiros gastaram US$ 3,3 bilhões no exterior, um aumento de 75% em relação ao ano
passado, de acordo com dados do Banco Central.
"A crise fez o brasileiro represar o desejo de ir para fora, e ele o realiza agora", diz
Régis. Ao mesmo tempo, o
câmbio forte encarece a viagem do turista estrangeiro
para o Brasil -os gastos deles aqui cresceram só 16%,
fechando em US$ 1,4 bilhão.
Nem o aumento do poder
de consumo da classe C ajuda os resorts. "Eles não sonham com resorts, mas com
cruzeiros", diz Orlando Giglio, presidente da Iberostar,
empresa que tem 1.160 quartos no litoral norte baiano.
Os cruzeiros, fontes de
eterna reclamação dos resorts, estão mais baratos devido ao dólar em queda e ao
excesso de navios disponíveis para os turistas.
"Há cinco anos, cruzeiros
representavam 5% do total
da oferta de quartos, quando
somados aos de resorts. Hoje, representam 40%", diz
Diogo Canteras, diretor da
consultoria HVS no Brasil.
Para os resorts, a saída é
atrair congressos. Com a estratégia, Régis diz ter revertido, em março e abril, a queda
no número de hóspedes no
Costão do Santinho.
A Iberostar fez caminho
semelhante. "Em 2007, estrangeiros lotavam 85% dos
quartos. Mas isso mudou e
fomos atrás de brasileiros.
Ampliamos o centro de convenções, que traz hoje 30%
das reservas", diz Giglio, que
afirma ter crescido, desta forma, 10% no trimestre.
Texto Anterior: Fazenda quer teto de 12% para juros Próximo Texto: Crise faz resorts investirem em gestão e serviço Índice
|