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Produtores da Argentina param
em protesto contra o governo
Quantidade de trigo que pode ser exportada é diminuída
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
Os produtores rurais da
Argentina anunciaram ontem a suspensão total da comercialização de grãos na
próxima semana para protestar contra as regras de exportação impostas pelo governo
de Cristina Kirchner.
A medida de força será
acompanhada de manifestações em diferentes pontos do
país, segundo o anúncio, feito em conjunto pelos dirigentes das quatro grandes federações agropecuárias.
A decisão veio depois de o
governo entrar em contradição sobre a quantidade de trigo que poderia ser exportada
nos próximos meses.
Pela manhã, o Ministério
da Agricultura liberou cerca
de 7 milhões de toneladas e,
pouco depois, o ministro do
Comércio Interior, Guillermo
Moreno, reduziu o volume
para menos da metade.
Os produtores reagiram
pedindo o fim definitivo das
limitações impostas pelo governo, que usa cotas anuais e
altas taxas de tributação para
aumentar a arrecadação e
forçar a queda dos preços no
mercado interno.
Segundo o presidente da
Federação Agrária, Eduardo
Buzzi, os protestos começarão na próxima quarta, mas a
medida é ainda "simbólica".
"Não estamos numa situação em que vai faltar trigo no
país [em uma semana de paralisação]", disse.
Segundo Buzzi, os mecanismos que o governo usa
para restringir as exportações impedem o planejamento a longo prazo, derrubam
os preços para os produtores
e beneficiam somente as
multinacionais.
Nos meses em que não há
permissão para exportar, as
grandes tradings pagam preços baixos aos produtores e,
assim que o governo abre a
"janela" para um volume determinado, os grãos seguem
para o exterior a preços bem
superiores, conforme Buzzi.
LOCAUTE
A suspensão das vendas e
a promessa de manifestações
para a próxima semana é o
primeiro sinal de pressão sobre o governo desde o grande
conflito travado entre Cristina e o campo, há dois anos.
Em 2008, os produtores
rurais reagiram com um locaute após o governo aumentar o imposto de exportação
da soja para 48%.
Os ruralistas promoveram
3.979 bloqueios de estradas
pelo país, o mercado consumidor ficou desabastecido e
a popularidade de Cristina
despencou. O tarifaço do
Executivo foi depois derrubado no Senado, que reduziu
a taxa para 35%.
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