São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Bolsas mantêm temor por nova recessão

Números sobre desemprego nos EUA, estagnação industrial europeia e inflação na China derrubam mercados

Bovespa descola do exterior, puxada por setores como mineração e siderurgia, e tem pequena alta de 0,27%


CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Números sobre o desemprego americano e a performance da gigante da tecnologia Cisco aumentaram os temores sobre o fim da recuperação americana.
A fraca recuperação industrial na Europa e o aumento da inflação na China, que pode obrigar o gigante asiático a pisar no freio, contribuíram para mais um dia tenso nos mercados mundiais.
O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou ontem que os pedidos de auxílio-desemprego subiram para 484 mil na semana terminada no dia 7 deste mês -um aumento de 2.000 pedidos em relação à semana anterior.
Na terça, o mercado foi abalado pela declaração do Fed (o BC americano) de que a recuperação será mais lenta do que se previa.
Para combater o alto índice de desemprego, que está em quase 10%, especialistas acreditam que os pedidos de auxílio precisam diminuir em cerca de 400 mil por semana.
O número, o maior em seis meses, surpreendeu o mercado. Analistas esperavam que, no início de agosto, os pedidos começassem a cair.
Para agravar o cenário, a gigante de tecnologia Cisco Systems alimentou as preocupações do mercado ao anunciar uma receita aquém das previsões -de US$ 10,8 bilhões no quarto trimestre fiscal, quando se esperavam US$ 10,88 bilhões.
O executivo-chefe da multinacional, John Chambers, disse que a empresa recebeu "sinais divergentes" sobre a economia e que vê um período de "incerteza incomum".
As declarações derrubaram as ações de tecnologia em 1,8%; as da Cisco caíram 9,3%. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York -e que já havia, anteontem, zerado os ganhos no ano-, recuou ontem 0,57%. O Standard & Poor's 500 caiu 0,54%; a Nasdaq, 0,83%.

PREOCUPAÇÃO
Para o economista William Cline, do IIE (Instituto de Economia Internacional, na sigla em inglês), "o Fed assustou o mercado ao declarar que está preocupado com o crescimento". "Aí o mercado disse: "Bem, se eles estão preocupados, nós deveríamos estar mais preocupados do que estávamos"."
O especialista afirmou à Folha que o Banco Central americano "está fazendo a coisa certa" ao recuar de seus planos de aperto monetário e decidir comprar títulos do Tesouro para reanimar a retomada e impedir a deflação. Para ele, com as taxas de juros praticamente a zero, não há mais o que o Fed possa fazer.
"A grande questão é o que acontecerá quando expirarem os cortes de impostos da era Bush, em janeiro [de 2011]. A percepção geral é que isso mergulharia a economia em uma nova recessão. Mas há quem pense que beneficiaria a economia."
Com eleições legislativas em três meses, é improvável que os EUA cheguem a um acordo sobre os cortes dos impostos ou novos pacotes de estímulos.

EUROPA
A produção industrial na zona do euro registrou em junho sua primeira queda desde fevereiro, com redução de 0,1% ante maio, de acordo com dados divulgados pela Eurostat, o escritório de estatística do bloco.
No conjunto da UE (União Europeia), o índice de produção industrial se manteve estável.
Em maio, a produção industrial havia subido 1,1% na zona do euro e 1,3% no conjunto da UE.


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