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Bolsas mantêm temor por nova recessão
Números sobre desemprego nos EUA, estagnação industrial europeia e inflação na China derrubam mercados
Bovespa descola
do exterior, puxada por setores como mineração e siderurgia, e tem pequena alta de 0,27%
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Números sobre o desemprego americano e a performance da gigante da tecnologia Cisco aumentaram os temores sobre o fim da recuperação americana.
A fraca recuperação industrial na Europa e o aumento
da inflação na China, que pode obrigar o gigante asiático
a pisar no freio, contribuíram
para mais um dia tenso nos
mercados mundiais.
O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou ontem que os pedidos
de auxílio-desemprego subiram para 484 mil na semana
terminada no dia 7 deste mês
-um aumento de 2.000 pedidos em relação à semana
anterior.
Na terça, o mercado foi
abalado pela declaração do
Fed (o BC americano) de que
a recuperação será mais lenta do que se previa.
Para combater o alto índice de desemprego, que está
em quase 10%, especialistas
acreditam que os pedidos de
auxílio precisam diminuir
em cerca de 400 mil por semana.
O número, o maior em seis
meses, surpreendeu o mercado. Analistas esperavam
que, no início de agosto, os
pedidos começassem a cair.
Para agravar o cenário, a
gigante de tecnologia Cisco
Systems alimentou as preocupações do mercado ao
anunciar uma receita aquém
das previsões -de US$ 10,8
bilhões no quarto trimestre
fiscal, quando se esperavam
US$ 10,88 bilhões.
O executivo-chefe da multinacional, John Chambers,
disse que a empresa recebeu
"sinais divergentes" sobre a
economia e que vê um período de "incerteza incomum".
As declarações derrubaram as ações de tecnologia
em 1,8%; as da Cisco caíram
9,3%. O índice Dow Jones, o
principal da Bolsa de Nova
York -e que já havia, anteontem, zerado os ganhos
no ano-, recuou ontem
0,57%. O Standard & Poor's
500 caiu 0,54%; a Nasdaq,
0,83%.
PREOCUPAÇÃO
Para o economista William
Cline, do IIE (Instituto de
Economia Internacional, na
sigla em inglês), "o Fed assustou o mercado ao declarar
que está preocupado com o
crescimento". "Aí o mercado
disse: "Bem, se eles estão
preocupados, nós deveríamos estar mais preocupados
do que estávamos"."
O especialista afirmou à
Folha que o Banco Central
americano "está fazendo a
coisa certa" ao recuar de
seus planos de aperto monetário e decidir comprar títulos do Tesouro para reanimar a retomada e impedir a
deflação. Para ele, com as taxas de juros praticamente a
zero, não há mais o que o
Fed possa fazer.
"A grande questão é o que
acontecerá quando expirarem os cortes de impostos da
era Bush, em janeiro [de
2011]. A percepção geral é
que isso mergulharia a economia em uma nova recessão. Mas há quem pense que
beneficiaria a economia."
Com eleições legislativas
em três meses, é improvável
que os EUA cheguem a um
acordo sobre os cortes dos
impostos ou novos pacotes
de estímulos.
EUROPA
A produção industrial na
zona do euro registrou em junho sua primeira queda desde fevereiro, com redução de
0,1% ante maio, de acordo
com dados divulgados pela
Eurostat, o escritório de estatística do bloco.
No conjunto da UE (União
Europeia), o índice de produção industrial se manteve estável.
Em maio, a produção industrial havia subido 1,1% na
zona do euro e 1,3% no conjunto da UE.
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