São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Dólar compensa alta de 32% na dívida corporativa

Empresas reduziram dívida em dólar de 12,9% para 9% do endividamento

Mesmo se o dólar voltar a R$ 2,315, endividamento em dólar ainda será menor do que em 2009

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Escaldadas pela crise de 2008, quando exportadores quase quebraram com a disparada do dólar, as empresas brasileiras enfrentam a nova fase das turbulências globais com baixo risco cambial.
Desde a crise passada, a dívida em dólares das empresas brasileiras cresceu 32,4% -saltou de US$ 57,209 bilhões, em março de 2009, auge da recessão, para US$ 75,738 bilhões, em março de 2011, segundo Estudo do Cemec (Centro de Estudos do Mercado de Capitais).
Apesar desse crescimento, o peso da dívida no endividamento total das empresas brasileiras caiu de 12,9% para 9% entre as duas crises.
O motivo foi a queda de quase 30% do dólar, que recuou de R$ 2,315 para R$ 1,629 no período entre crises.
"A queda do dólar foi tão violenta entre 2009 e 2011 que compensou esse aumento de 32% na dívida das empresas", disse Carlos Rocca, diretor do Cemec.
Em reais, a dívida externa do setor privado encolheu de R$ 132,451 bilhões para R$ 123,354 bilhões no período.
Para Rocca, mesmo se a turbulência atual levar o dólar de volta a R$ 2,315, o endividamento externo das empresas ficaria em 12,7% do total da dívida -abaixo dos 12,9% de março de 2009.
No final de 2000, antes do estouro da bolha da internet e dos atentados de 11 de Setembro, as empresas brasileiras tinham 42,2% de sua dívida em dólares.
"A trombada em 2002 foi infinitamente mais forte do que a de 2008. Seria muito menor agora também. Hoje, as empresas estão muito menos expostas ao risco cambial do que estavam em 2008", disse.
"Lógico que esse risco vai aumentando, conforme elas se endividam lá fora, e pode ficar maior. Até março de 2011, a indicação é que houve uma redução na exposição das empresas", completou.

TAXA CORPORATIVA
O presidente do BC (Banco Central), Alexandre Tombini, anunciou ontem a criação de uma taxa de referência para empréstimos corporativos de baixo risco.
A chamada taxa preferencial brasileira será divulgada mensalmente a partir de setembro. Ela refletirá uma média dos juros cobrados no Brasil nos empréstimos às empresas com classificação de crédito "AAA", de menor risco aos credores.
Segundo Tombini, o objetivo é dar mais transparência às taxas e incentivar a concorrência. Ele também explicou que isso vai permitir comparar o custo do crédito de baixo risco no Brasil com o de outros países.
"Essa taxa vai permitir uma melhor comparação do custo do dinheiro no país em relação a outros países. Esperamos que essa maior transparência fomente a concorrência do sistema bancário."

Colaborou MARIANA SCHREIBER , de São Paulo


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