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Produtores de Sorriso vão indenizar americano
Acordo homologado pela Justiça de Mato Grosso põe fim a disputa por área
Acerto envolve 25% dos 150 mil hectares de terra agricultável reivindicados por fazendeiro de 80 anos
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Produtores rurais de Sorriso (425 km de Cuiabá) fecharam ontem acordo em uma disputa bilionária que envolve uma extensão de terras agricultáveis do tamanho da cidade de São Paulo.
Homologado ontem pela Justiça de Mato Grosso, o acerto envolve 74 áreas, que, juntas, somam 40 mil hectares -25% da extensão total (150 mil hectares) reivindicada pelo fazendeiro americano Edmund Zanini, 80.
A disputa abrange 275 produtores e uma das melhores áreas de cultivo de grãos no município. Seu valor é estimado em mais de R$ 1 bilhão.
Atualmente vivendo na Flórida (EUA), Zanini morou no Brasil na década de 60. Em 1964, comprou 200 mil hectares em uma então inóspita porção do cerrado.
Em 1978, por meio de uma procuração falsa, a maior parte da área foi loteada e vendida. Zanini diz que a fraude ocorreu quando ele estava em férias nos EUA.
"Ao tentar reaver suas terras, ele sofreu ameaças, atentados e foi praticamente expulso do país", disse o advogado de Zanini, Ruben Seidl.
Em 1991, a Justiça condenou três pessoas pela fraude -entre elas, o dono do cartório onde a procuração falsa foi lavrada.
Em entrevista à Folha em 2009, Zanini disse que não pretendia "prejudicar a vida de ninguém". "Quero apenas um preço justo.
Mas, antes de abrir a negociação, exijo a terra de volta. É uma questão de justiça", afirmou.
"É um mau acordo porque não temos culpa. Compramos e pagamos as terras de boa-fé. Mas é um bom desfecho porque podemos agora ter segurança jurídica no investimento", disse o agricultor Nadir Sucolotti.
Ele tem mais de 6.000 hectares plantados com soja nas terras do americano.
O pagamento será feito em sacas de soja. "É a moeda local", disse Seidl.
Segundo o Sindicato Rural de Sorriso, um hectare de terras para cultivo não é vendido hoje por menos de 600 sacas -cerca de R$ 23 mil.
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