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Aneel não controla térmicas, diz TCU
Tribunal aponta falhas no controle de compra de combustível para usinas do Sistema Isolado na Amazônia
Acórdão exige que agência avalie custo das térmicas subsidiadas com dinheiro de todos os consumidores do país
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
O TCU (Tribunal de Contas
da União) apontou, em novo
acórdão, falhas graves da
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) no controle
dos gastos das usinas termelétricas na região amazônica.
A Aneel disse que não irá
comentar o acórdão antes de
ser notificada oficialmente.
Segundo o acórdão, a
agência não sabe se a energia
gerada pelas 301 usinas da
região corresponde aos volumes de combustíveis adquiridos para a produção de energia nas térmicas. Essa conta é
paga pelos brasileiros.
O TCU determinou que a
Aneel faça cumprir a regra
que a própria agência criou
em 2005. Pela resolução 163,
a agência exigiu a implantação de um sistema de telemetria para comparar o volume
de combustível comprado
em relação à energia gerada.
Das 301 usinas sobre as
quais era exigido o sistema,
apenas 16 implantaram o sistema. O tribunal exigiu que a
Eletrobras, a principal operadora nos Sistemas Isolados,
também cumpra a exigência
em 60 dias.
As usinas do Sistema Isolado ficam fora do chamado
SIN (Sistema Interligado Nacional). Todos os anos, a
Aneel rateia entre os consumidores brasileiros a Conta
de Consumo de Combustíveis Fósseis dos Sistemas Isolados.
A CCC, como é conhecida,
é um dos 11 encargos embutidos na conta de luz de todos
os brasileiros. Uma fatia da
tarifa de energia cobrada pelas 63 distribuidoras do país
paga essa conta.
Esse é o terceiro acórdão
do TCU a alertar a Aneel para
a falta de um sistema simples
que aponte se a geração de
energia corresponde ao volume de combustível que é pago pelos brasileiros. O TCU
suspeita de que a ausência
de controle esteja gerando
desperdícios.
CONTA CARA
O custo da geração nos Sistemas Isolados voltou a chamar a atenção do país depois
que o governo federal propôs
mudança na forma de cálculo da CCC, algo que beneficiou a Eletrobras.
Custos não reconhecidos
na antiga legislação foram
agora incorporados. Assim, o
valor, reduzido nos últimos
anos, voltou a subir.
Em 2011, o custo dos Sistemas Isolados para os consumidores brasileiros vai atingir R$ 4,7 bilhões. O valor anterior era de R$ 2,7 bilhões.
O Instituto Acende Brasil
avalia que essa elevação pode resultar em alta de até 2%
na conta de luz em 2011.
"É louvável que o TCU volte a olhar esse assunto. A CCC
é hoje um dos maiores encargos na conta de luz", diz
Cláudio Sales, presidente do
instituto.
De 1999 até 2009, o custo
de geração térmica nos sistemas isolados exigiu subsídios de R$ 25 bilhões.
É uma conta que está ficando cara, embora sua utilidade seja nobre. É esse subsídio, fora de controle segundo
o TCU, que permite a 7,4 milhões de brasileiros da região
Norte ter acesso à luz elétrica.
Sem o subsídio, esses consumidores não teriam como
pagar a conta de luz.
A exigência do TCU não é
acabar com o mecanismo,
mas exigir da Aneel um sistema eficaz de fiscalização para evitar abusos, fraudes e
mau uso dos recursos.
O tribunal observou, por
exemplo, que a usina Rio
Branco 2, controlada pela
Eletronorte, subsidiária da
Eletrobras, tem custo de até
R$ 3.354,61 por MWh.
Mesmo distante, o TCU
considera esse valor muito
acima do razoável e pede
providências à Eletrobras.
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