São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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França trava acordo entre UE e Mercosul, diz Lula

Presidente afirma que tentará convencer Sarkozy a enfrentar vozes contrárias a acordo dentro de seu país

DE BRASÍLIA

O presidente Lula disse ontem que a França é o principal entrave para um acordo entre Mercosul e União Europeia em torno da criação de uma zona de livre comércio entre os dois blocos.
Em discurso na 4ª reunião de cúpula Brasil-União Europeia, em Brasília, Lula disse que o seu principal compromisso como presidente do Mercosul, cargo que assume ainda neste mês, será convencer o colega francês, Nicolas Sarkozy, a enfrentar vozes contrárias ao acordo dentro de seu país para que o compromisso saia. A iniciativa sofre oposição, principalmente de agricultores.
"O companheiro que mais tem dado trabalho [nas discussões sobre zona de livre comércio] é um grande amigo meu, o presidente [da França, Nicolas] Sarkozy. Eu tenho a responsabilidade de tentar convencer o Sarkozy a flexibilizar o coração dos franceses e a gente fazer um acordo antes de eu terminar a Presidência. Seria um avanço extraordinário", disse.
Lula disse que conhece o peso dos agricultores franceses na política do país e classificou como normais as pressões de setores que se sintam prejudicados com o acordo Mercosul-UE.

BENEFÍCIOS
O presidente apontou, porém, que os países dos dois blocos precisam levar em conta o benefício da zona de livre comércio para a população de uma maneira geral.
"Você sempre pode ter um setor da economia que não fique contente, mas isso aqui não é um jogo de corporação. É um jogo de nações, em que você tem que fazer os acordos pensando em beneficiar o conjunto da população."
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse durante o encontro que um acordo entre o bloco e o Mercosul em torno da zona de livre comércio só não foi possível até agora porque os latino-americanos estão "pedindo muito".
De acordo com Barroso, a UE está interessada em uma parceria, mas isso só vai ser possível se o Mercosul apresentar uma proposta mais "equilibrada", que atenda a interesses gerais das 27 nações que compõem o bloco europeu e de "algum setor que se sinta mais especialmente afetado", em referência aos agricultores, contrários à iniciativa.
Mercosul e UE voltaram a negociar a zona de livre comércio em maio. As conversações estava interrompidas desde 2004 porque os europeus não ofereciam a abertura no mercado agrícola desejada pelos sul-americanos.
(FÁBIO AMATO e SIMONE IGLESIAS)


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