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França trava acordo entre UE e Mercosul, diz Lula
Presidente afirma que tentará convencer Sarkozy a enfrentar vozes contrárias a acordo dentro de seu país
DE BRASÍLIA
O presidente Lula disse
ontem que a França é o principal entrave para um acordo
entre Mercosul e União Europeia em torno da criação de
uma zona de livre comércio
entre os dois blocos.
Em discurso na 4ª reunião
de cúpula Brasil-União Europeia, em Brasília, Lula disse
que o seu principal compromisso como presidente do
Mercosul, cargo que assume
ainda neste mês, será convencer o colega francês, Nicolas Sarkozy, a enfrentar vozes contrárias ao acordo dentro de seu país para que o
compromisso saia. A iniciativa sofre oposição, principalmente de agricultores.
"O companheiro que mais
tem dado trabalho [nas discussões sobre zona de livre
comércio] é um grande amigo meu, o presidente [da
França, Nicolas] Sarkozy. Eu
tenho a responsabilidade de
tentar convencer o Sarkozy a
flexibilizar o coração dos
franceses e a gente fazer um
acordo antes de eu terminar a
Presidência. Seria um avanço extraordinário", disse.
Lula disse que conhece o
peso dos agricultores franceses na política do país e classificou como normais as
pressões de setores que se
sintam prejudicados com o
acordo Mercosul-UE.
BENEFÍCIOS
O presidente apontou, porém, que os países dos dois
blocos precisam levar em
conta o benefício da zona de
livre comércio para a população de uma maneira geral.
"Você sempre pode ter um
setor da economia que não fique contente, mas isso aqui
não é um jogo de corporação.
É um jogo de nações, em que
você tem que fazer os acordos pensando em beneficiar
o conjunto da população."
O presidente da Comissão
Europeia, José Manuel Durão
Barroso, disse durante o encontro que um acordo entre o
bloco e o Mercosul em torno
da zona de livre comércio só
não foi possível até agora
porque os latino-americanos
estão "pedindo muito".
De acordo com Barroso, a
UE está interessada em uma
parceria, mas isso só vai ser
possível se o Mercosul apresentar uma proposta mais
"equilibrada", que atenda a
interesses gerais das 27 nações que compõem o bloco
europeu e de "algum setor
que se sinta mais especialmente afetado", em referência aos agricultores, contrários à iniciativa.
Mercosul e UE voltaram a
negociar a zona de livre comércio em maio. As conversações estava interrompidas
desde 2004 porque os europeus não ofereciam a abertura no mercado agrícola desejada pelos sul-americanos.
(FÁBIO AMATO e SIMONE IGLESIAS)
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