|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Inovação aberta é incentivada no Brasil
Com o apoio da internet, empresas buscam ideias entre estudantes para complementar as pesquisas internas
Prêmios e possibilidade de contratação motivam universitários de todo o país a participar de batalhas de inovação
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
A crise de crédito que assolou os mercados mundiais no
fim de 2008 fez o engenheiro
Armando Theodoro, 47, repensar os negócios.
Sócio da Steel Rocket, do
ramo de antecipação de recebíveis, com movimentação
mensal de R$ 3 milhões e 60
clientes, o executivo viu os
riscos da empresa subirem
rapidamente. "Percebemos
que, embora capitalizados,
seria importante diversificar
os negócios", afirma.
Passados quase 20 meses
desde o início da análise,
Theodoro ainda não tomou
uma decisão. Mas, em vez de
contratar uma consultoria,
decidiu apelar a cerca de
4.500 universitários, que vão
trabalhar para ele ao longo
dos próximos quatro meses.
"O objetivo é buscar boas
ideias para a criação de um
plano de negócios", diz.
A Steel não abriu nenhuma contratação em massa.
Ela faz parte de um grupo
crescente de empresas brasileiras que apostam na inovação aberta para resolver
questões internas.
Em troca de boas ideias,
colhidas principalmente pela internet, propõem prêmios- como os R$ 15 mil oferecidos pela Steel.
Na lista de entusiastas do
modelo estão desde empresas de pequeno porte até gigantes como Tecnisa, AmBev, Phillips e Whirlpool.
MODELO INTERNACIONAL
Adotada por centenas de
companhias nos EUA, como
Procter&Gamble, a inovação
aberta começa a ser testada
por aqui por duas vertentes
principais.
A primeira é a dos portais
próprios como o Tecnisa
Ideias, portal da construtora
que estreia nos próximos
dias para colher sugestões
dos internautas em oito
áreas, de arquitetura até sustentabilidade.
"É uma iniciativa de relacionamento que trará boas
ideias para os negócios", diz
Romeo Busarello, diretor de
internet da Tecnisa.
Essa é a quarta iniciativa
de inovação aberta da Tecnisa, que começou a receber
contribuições para seus projetos em comunidades do Orkut, em 2009. Na ocasião, recebeu 220 colaborações sobre adaptações nos apartamentos para consumidores
da terceira idade e poderá
aplicá-las nos futuros empreendimentos.
APOIO UNIVERSITÁRIO
Outra vertente são os centros de ideias, como o portal
Battle of Concepts (BoC).
De origem holandesa e
tendo a consultoria TerraForum como sócia, o portal
criou uma base com estudantes de cerca de 80 universidades que devem resolver questões propostas por seus clientes, entre eles Usiminas, Natura e Ambev.
"É feito um trabalho de
pesquisa sobre as necessidades do cliente e em que áreas.
A partir daí a tarefa é postada
no site", afirma Hans Hellemondt, sócio do BoC.
Pelo trabalho, a consultoria cobra a partir de R$ 20
mil. Aos estudantes, os prêmios oferecidos, em média,
são de R$ 15 mil.
COLABORAÇÃO
Embora sirvam de um
imenso laboratório de tendências, iniciativas de inovação aberta não devem ser interpretadas como uma forma
de cortar custos internos com
pesquisa e desenvolvimento.
"Dificilmente uma ideia
vai gerar um projeto pronto;
é missão das empresas refiná-las", diz José Cláudio Terra, sócio da TerraForum.
Da mesma forma, especialistas alertam para as fronteiras que devem ser respeitadas pelo modelo, para não
ser usado como fonte de mão
de obra barata.
"O relacionamento saudável gera conhecimento, não
um produto específico", diz
Guilherme de Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei).
Texto Anterior: Empresas abrem inscrições para trainees Próximo Texto: Frases Índice
|