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Quebra do Lehman ainda é sentida
Efeitos da falência do banco, há 2 anos, ainda são notados nos mercados; investidores buscam os emergentes
Pesquisadora afirma que a regulação é necessária, mas pode deixar os consumidores menos cuidadosos
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Dois anos depois da maior
falência da história dos EUA,
completados hoje, a quebra
do Lehman Brothers ainda é
sentida no mercado financeiro, e o impacto de novas medidas regulatórias sobre os
consumidores é incerto.
As Bolsas ainda não se recuperaram -um dos principais índices de Wall Street, o
Dow Jones, continua mais de
900 pontos abaixo do nível
pré-Lehman-, e os investidores estão se movendo em
direção aos mercados emergentes, como o Brasil.
Os países em desenvolvimento são vistos por analistas como os novos responsáveis pela recuperação global
do crescimento. A Bovespa,
desde setembro de 2008, subiu cerca de 27%; na China, o
principal índice da Bolsa de
Xangai se valorizou em 28%.
O ouro foi outro beneficiado pela crise, atraindo investidores em busca de segurança contra uma nova recessão
-ainda um temor do mercado financeiro- e se valorizando em mais de 60% nos
últimos dois anos.
"Em geral, o mercado financeiro inteiro está mais
avesso ao risco do que antes
de 2008. Já estávamos nos
encaminhando para isso antes da quebra do Lehman
Brothers", afirma David Resler, economista-chefe do
banco de investimento Nomura Securities.
Para ele, "as pessoas ficaram muito mais cuidadosas
com o nível de risco a assumir. Essa provavelmente será
uma característica duradoura dos mercados financeiros
após as turbulências dos últimos dois anos".
REFORMA REGULATÓRIA
O "grande número de reformas regulatórias" para
aumentar a proteção dos
mercados foi outra mudança
significativa na era pós-Lehman Brothers, afirma Brigitte
Madrian, professora de políticas públicas e gestão empresarial da Harvard Kennedy School.
Brigitte Madrian diz que a
regulação é necessária, mas
pode fazer com que "os consumidores fiquem menos
cuidadosos, sabendo que
os reguladores estão olhando por eles".
Outra preocupação, segundo a pesquisadora, é que
algumas "estruturas regulatórias não foram criadas levando em consideração como os consumidores realmente se comportam nesses
mercados".
Obrigar as empresas a divulgar certas informações,
por exemplo, "não funciona
se os consumidores não sabem o que fazer com isso".
Resler acha que as "tentativas de regulação do mercado estão adequadas, talvez
de alguma maneira além do
necessário. A resposta dos
mercados, de dois anos para
cá, tem sido mesmo de aumentar sua capitalização".
"Em Wall Street, existe um
reconhecimento geral de que
não há outra escolha a não
ser mudar a forma como os
negócios eram gerenciados.
Investidores não vão investir
se você não estiver adequadamente capitalizado", afirma Resler.
LEHMAN HOJE
O banco de investimento
Lehman Brothers, o quarto
maior dos Estados Unidos há
dois anos, não desapareceu
por completo. Em Nova York,
a empresa ainda opera com
cerca de 500 empregados
-antes da quebra, tinha 26
mil funcionários pelo mundo, e mais de US$ 600 bilhões em ativos.
Segundo reportagem do
"Los Angeles Times", o banco, que foi um marco da atual
crise, funciona sob a supervisão da U.S. Bankruptcy
Court, o tribunal de falências
do país, e deve continuar assim "durante anos".
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