São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Quebra do Lehman ainda é sentida

Efeitos da falência do banco, há 2 anos, ainda são notados nos mercados; investidores buscam os emergentes

Pesquisadora afirma que a regulação é necessária, mas pode deixar os consumidores menos cuidadosos

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
ANDREA MURTA

DE WASHINGTON

Dois anos depois da maior falência da história dos EUA, completados hoje, a quebra do Lehman Brothers ainda é sentida no mercado financeiro, e o impacto de novas medidas regulatórias sobre os consumidores é incerto.
As Bolsas ainda não se recuperaram -um dos principais índices de Wall Street, o Dow Jones, continua mais de 900 pontos abaixo do nível pré-Lehman-, e os investidores estão se movendo em direção aos mercados emergentes, como o Brasil.
Os países em desenvolvimento são vistos por analistas como os novos responsáveis pela recuperação global do crescimento. A Bovespa, desde setembro de 2008, subiu cerca de 27%; na China, o principal índice da Bolsa de Xangai se valorizou em 28%.
O ouro foi outro beneficiado pela crise, atraindo investidores em busca de segurança contra uma nova recessão -ainda um temor do mercado financeiro- e se valorizando em mais de 60% nos últimos dois anos.
"Em geral, o mercado financeiro inteiro está mais avesso ao risco do que antes de 2008. Já estávamos nos encaminhando para isso antes da quebra do Lehman Brothers", afirma David Resler, economista-chefe do banco de investimento Nomura Securities.
Para ele, "as pessoas ficaram muito mais cuidadosas com o nível de risco a assumir. Essa provavelmente será uma característica duradoura dos mercados financeiros após as turbulências dos últimos dois anos".

REFORMA REGULATÓRIA
O "grande número de reformas regulatórias" para aumentar a proteção dos mercados foi outra mudança significativa na era pós-Lehman Brothers, afirma Brigitte Madrian, professora de políticas públicas e gestão empresarial da Harvard Kennedy School.
Brigitte Madrian diz que a regulação é necessária, mas pode fazer com que "os consumidores fiquem menos cuidadosos, sabendo que os reguladores estão olhando por eles".
Outra preocupação, segundo a pesquisadora, é que algumas "estruturas regulatórias não foram criadas levando em consideração como os consumidores realmente se comportam nesses mercados".
Obrigar as empresas a divulgar certas informações, por exemplo, "não funciona se os consumidores não sabem o que fazer com isso".
Resler acha que as "tentativas de regulação do mercado estão adequadas, talvez de alguma maneira além do necessário. A resposta dos mercados, de dois anos para cá, tem sido mesmo de aumentar sua capitalização".
"Em Wall Street, existe um reconhecimento geral de que não há outra escolha a não ser mudar a forma como os negócios eram gerenciados. Investidores não vão investir se você não estiver adequadamente capitalizado", afirma Resler.

LEHMAN HOJE
O banco de investimento Lehman Brothers, o quarto maior dos Estados Unidos há dois anos, não desapareceu por completo. Em Nova York, a empresa ainda opera com cerca de 500 empregados -antes da quebra, tinha 26 mil funcionários pelo mundo, e mais de US$ 600 bilhões em ativos.
Segundo reportagem do "Los Angeles Times", o banco, que foi um marco da atual crise, funciona sob a supervisão da U.S. Bankruptcy Court, o tribunal de falências do país, e deve continuar assim "durante anos".


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