São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Safra e preço bom elevam renda no campo

Produção agrícola de 2011 deverá atingir o recorde de R$ 190 bi, movimentando o comércio das regiões produtoras

Quatro produtos são responsáveis por esse dinheiro que entrará na economia: milho, soja, café e cana-de-açúcar

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

Safra recorde e preços bons vão provocar forte efeito na renda dos produtores neste ano. Esse efeito começa a ser mostrado nos números globais do setor. O VBP (Valor Bruto da Produção) deverá atingir R$ 190 bilhões neste ano, 6% mais do que no ano passado.
Se confirmado, esse será o maior valor de produção já registrado no país. Os números são da Assessoria de Gestão Estratégica, do Ministério da Agricultura, e levam em consideração a produção das 20 maiores lavouras do país.
Um dos motivos dessa aceleração é a recuperação dos valores de produção de algodão, milho e soja, segundo José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura e responsável pelo levantamento.
O aumento de renda no campo deverá se espalhar por toda a economia. Além de dar ritmo maior de produção às indústrias, essa renda vai movimentar o comércio das regiões produtoras.
O efeito do aumento de receitas no campo será sentido também nas cidades mais distantes e que são movidas, em grande parte, pela produção agrícola.
Quatro produtos são os grandes responsáveis por esse volume de dinheiro que entrará na economia: soja, cana-de-açúcar, milho e café. Todos terão um valor de produção superior a RS 20 bilhões neste ano.
A liderança fica com a soja, cuja produção deverá atingir 70 milhões de toneladas nesta safra 2010/11, gerando receitas de R$ 51 bilhões para os produtores.
Um dos destaques do ano é o algodão. O produto, que registrou os maiores preços dos últimos 140 anos no mercado externo, disparou também no interno.
Os produtores apostaram nessa lavoura e o resultado foi o aumento acentuado da área de plantio. Área maior e preços altos devem resultar em valor de produção de R$ 4,7 bilhões, 50% acima do registrado em 2010.

PREOCUPAÇÃO
A agricultura vive um período de glória neste ano. A demanda está forte e os preços não param de subir, trazendo preocupação para países não produtores de alimentos.
A alta é tão acelerada que não foi prevista até por especialistas do setor.
Em janeiro, as estimativas do governo para a renda to- tal do campo indicavam R$ 186 bilhões.
Soja e algodão, dois dos destaques deste ano, movimentam a economia do Centro-Oeste, região que vai ter aumento de 39% no VBP, segundo Gasques. Com isso, os produtores dessa região devem somar receitas de R$ 52,1 bilhões, puxadas por Mato Grosso (R$ 33,2 bilhões).
Pela primeira vez, o valor da produção do agronegócio do Centro-Oeste fica próximo do da região Sudeste. As receitas deste ano do Sudeste superam em apenas 1,7% as do Centro-Oeste. No ano passado, a diferença foi de 44%.
Um dos motivos da perda de renda no Sudeste foi a queda do valor da cana, para R$ 28,8 bilhões neste ano, 6,4% menos do que em 2010.
Na região Sul, devido à queda de valor de produção no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a renda recua para R$ 47 bilhões, 0,5% menos do que em 2010.
O VBP é elaborado com base na mais recente estimativa de safra e preços médios de dezembro de 2010. Como os preços vêm em ritmo de alta, as próximas estimativas do valor de produção podem indicar números mais próximos de R$ 200 bilhões.


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