|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Governo vai lançar pacote para conter alta do real
Tesouro colocará títulos da dívida no Fundo Soberano, que os venderá
Governo estuda afrouxar comprometimento de patrimônio dos bancos em transação com títulos de outras moedas
PEDRO SOARES
DO RIO
TONI SCIARRETTA
EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO
Preocupado com a entrada
de dólares para a capitalização da Petrobras, o governo
vai lançar um pacote de medidas para segurar a valorização do real. O pacote inclui
o uso do Fundo Soberano para a compra de dólares.
Depois de descer até R$
1,70, o dólar subiu ontem pela primeira vez após dez dias
de baixa. A moeda americana terminou o dia a R$ 1,727,
com valorização de 1,11%.
Pela proposta do ministro
Guido Mantega (Fazenda), o
Fundo Soberano comprará
dólares por meio de seu
"subfundo" cambial.
Esse instrumento, diz, não
foi usado ainda e funcionaria
assim: o Tesouro coloca títulos da dívida pública no Fundo, que os vende no mercado
e troca os reais obtidos com a
transação por dólares.
"Estamos preparados para
enxugar um eventual excesso de dólares."
Segundo Mantega, a Fazenda está preparada para
combater "o jogo" dos países
que mantêm "artificialmente" suas moedas depreciadas
para promover as exportações e ganhar mercados.
Entre as medidas, o governo estuda ainda ampliar o
percentual que os bancos podem comprometer de seu patrimônio em transações com
títulos em outras moedas.
A situação atual difere da
ocorrida na eleição de 2002,
quando o dólar chegou a
R$ 4,00 por conta da desconfiança com a continuidade
da política econômica.
COMÉRCIO EXTERIOR
O câmbio apreciado dilui a
competitividade das exportações e retira o incentivo da
indústria nacional para competir com os importados.
"Não vi nenhum candidato falar de comércio exterior.
O câmbio está defasado há
tempo e tem aumentado as
importações", disse Roberto
Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de
Comércio Exterior).
Segundo Segatto, o parque industrial brasileiro possui máquinas de 17 anos
atrás que, junto com o câmbio e a carga tributária alta,
eleva os custos de produção.
Para Antonio Correa de Lacerda, economista da PUC, a
defasagem do câmbio provoca mudança no comércio exterior (que não condiz com o
mercado interno brasileiro) e
afasta investimento produtivo de multinacionais, que fazem orçamentos em dólar e
veem custos altos no Brasil.
"É equívoco dizer que a taxa de câmbio é só ativo financeiro e que câmbio é problema de exportador. Ele é determinante para produção."
Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Análise: Juro alto mantém atração pela entrada da moeda americana Índice | Comunicar Erros
|