São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Governo vai lançar pacote para conter alta do real

Tesouro colocará títulos da dívida no Fundo Soberano, que os venderá

Governo estuda afrouxar comprometimento de patrimônio dos bancos em transação com títulos de outras moedas

PEDRO SOARES
DO RIO

TONI SCIARRETTA
EPAMINONDAS NETO

DE SÃO PAULO

Preocupado com a entrada de dólares para a capitalização da Petrobras, o governo vai lançar um pacote de medidas para segurar a valorização do real. O pacote inclui o uso do Fundo Soberano para a compra de dólares.
Depois de descer até R$ 1,70, o dólar subiu ontem pela primeira vez após dez dias de baixa. A moeda americana terminou o dia a R$ 1,727, com valorização de 1,11%.
Pela proposta do ministro Guido Mantega (Fazenda), o Fundo Soberano comprará dólares por meio de seu "subfundo" cambial.
Esse instrumento, diz, não foi usado ainda e funcionaria assim: o Tesouro coloca títulos da dívida pública no Fundo, que os vende no mercado e troca os reais obtidos com a transação por dólares.
"Estamos preparados para enxugar um eventual excesso de dólares."
Segundo Mantega, a Fazenda está preparada para combater "o jogo" dos países que mantêm "artificialmente" suas moedas depreciadas para promover as exportações e ganhar mercados.
Entre as medidas, o governo estuda ainda ampliar o percentual que os bancos podem comprometer de seu patrimônio em transações com títulos em outras moedas.
A situação atual difere da ocorrida na eleição de 2002, quando o dólar chegou a R$ 4,00 por conta da desconfiança com a continuidade da política econômica.

COMÉRCIO EXTERIOR
O câmbio apreciado dilui a competitividade das exportações e retira o incentivo da indústria nacional para competir com os importados.
"Não vi nenhum candidato falar de comércio exterior. O câmbio está defasado há tempo e tem aumentado as importações", disse Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
Segundo Segatto, o parque industrial brasileiro possui máquinas de 17 anos atrás que, junto com o câmbio e a carga tributária alta, eleva os custos de produção.
Para Antonio Correa de Lacerda, economista da PUC, a defasagem do câmbio provoca mudança no comércio exterior (que não condiz com o mercado interno brasileiro) e afasta investimento produtivo de multinacionais, que fazem orçamentos em dólar e veem custos altos no Brasil.
"É equívoco dizer que a taxa de câmbio é só ativo financeiro e que câmbio é problema de exportador. Ele é determinante para produção."


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